É muito fácil fazer uma analogia rápida entre a razão que faz girar o universo do escritor J. R. R. Tolkin e a sina grandiloquente de Peter Jackson na condução da trilogia O Hobbit. Desde o primeiro filme, fica até repetitivo analisar que seu oportunista esgarçamento o torna muito enfadonho. Afinal, um livro de pouco mais de 300 páginas, é espremido para render três filmes de cerca de três horas cada. O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos é narrativamente uma evolução das anteriores. E isso expõe ainda mais o quão banalmente esticada ficou essa pretensão. Se dramaturgicamente focasse na relação entre Bilbo (Martin Freeman) e o novo “rei” Thorin (Richard Armitage), talvez a história transcorreria com muito mais frescor substancial (algo que Peter conseguiu plenamente na trilogia O Senhor dos Anéis). Tanto que toda vez que Gandalf (Ian McKellen) entra em cena, uma esperança nos acomete. Mas tem muita encheção de linguiça para manter esse sopro de que a trama vai se firmar.
Em sua (muito sentida) longa duração, o filme destaca subtramas que nada acrescentam ao universo e ainda se perdem em conclusões inexpressivas. A tal batalha que dá título à última parte, é tecnicamente impressionante, mas se tratando da franquia que é, é quase uma obrigação ser assim. Mas Jackson ainda parece se deslumbrar com seu “brinquedo” e torna os 45 minutos de batalha uma histeria visual e melodramática sem fim.
A sensação que dá é que o roteiro foi retalhado e a história passa a ser um fardo pesado de se acompanhar. Por isso que reafirmo que o universo Tolkien, mais do que “o” anel em si, pode ser perigosamente sedutor. Peter foi envolvido com a Trilogia do “Senhor do Anéis” e sua paixão foi tão arrebatadora e inebriante que caiu na armadilha do pseudo preciosismo com “O Hobbit”. Daí, a segunda trilogia virou um pastiche do deslumbre.