Deus salve a rainha!
Provavelmente até mesmo o mais punk dos britânicos vai se render a magia da história do Queen, contada no longa Bohemian Rhapsody que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (1).
A direção (Dexter Fletcher) é afiada, assim como as atuações de Rami Malek (Freddie Mercury), Ben Hardy (Roger Taylor), Joseph Mazzello (John Deacon) e, principalmente, Gwilym Lee (Brian May).
Quase perfeito
Mas, se as atuações são irretocáveis (até os gatos têm boas atuações), o figurino maravilhoso, os efeitos especiais super realistas e, óbvio, a trilha sonora é sensacional, por que o filme não é perfeito?
A reposta está no roteiro. Não que ele seja ruim (muito pelo contrário), há ótimas tiradas de um humor tipicamente britânico, mas a necessidade de apresentar um Mercury mais doce e sem falar quase nenhum palavrão e as licenças poéticas/graves erros de cronologia, vão incomodar o fã mais atento.
E olha que Brian May e Roger Taylor estão entre os produtores executivos do filme!
O Brasil, particularmente o Rio de Janeiro, ganham cenas que vão deixar os brasileiros emocionados em saber da importância da apresentação do Rock in Rio (em janeiro de 1985) para a banda. Infelizmente, é aí que acontece o mais grave desses erros de cronologia.
O longa usa o emblemático momento de Love of my life cantado em uníssono no Rock in Rio como mote para a cisão fundamental na vida de Mercury. Porém, o momento é descrito como se tivesse acontecido muitos anos antes da data verdadeira.
https://youtu.be/GryRsVhOvxo
Live Aid
Já a apresentação no Live Aid — em 13 de julho de 1985 — é o momento usado para unir toda a história. Iniciando e fechando o filme, o show no estádio de Wembley, ganha um registro quase tão poderoso quanto o da performance verdadeira.
Aliás, o áudio do show é a cereja do bolo da trilha sonora do filme, já que jamais havia sido lançada oficialmente. Mas não deixe de ouvir as outras canções. Você vai correr para elas assim que sair da sessão.
Clássicos
Bohemian Rhapsody (o filme) conta a história de Freddie, John, Brian e Roger, mas é também uma celebração da música criada pelo quarteto. Momentos da criação de clássicos como We Will Rock You, Another One Bites the Dust, Bohemian Rhapsody (claro) e outras canções icônicas estão lá.
Com certeza as salas de cinema vão fazer com que muita gente solte a voz — principalmente os desafinados — em volumes bem maiores que o recomendado, para desespero de quem quiser ouvir Freddie Mercury em todo o seu esplendor.
Pipoca e lenços
O filme não chega até os últimos dias do cantor —para no Live Aid e apenas cita o que aconteceu depois. Não há nada sobre os discos da última fase da banda, mas as lágrimas estão garantidas em uma grande parte das cenas.
Se a pipoca é a companhia inseparável para um bom filme, aconselho comprar também uma embalagem de lenços de papel. Eles serão muito necessários.
Freddie Mercury faleceu em 24 de novembro de 1991 (aos 45 anos) e sua última aparição pública foi durante o BrittAwards, em 18 de fevereiro de 1990.
Impressionante lembrar que já faz tanto tempo.
Deus salve a rainha!