Depois de “Espelho, Espelho Meu”, chega às telas do Brasil e dos EUA simultaneamente mais uma versão do clássico contos de fadas dos Irmãos Grimm. Mas ao contrário do filme estrelado por Julia Roberts e Lily Collins, “Branca de Neve e o Caçador” se leva bem mais a sério, com um tom épico e muito mais ação para contar a sua história, sem números musicais e poucas piadas. Por incrível que pareça, o filme se mostra melhor em sua intenção do que o seu ‘rival’, que foi lançado anteriormente.
A produção, dirigida pelo estreante Rupert Sanders, mostra como o reino governado pelo pai de Branca de Neve (vivida por Raffey Cassidy na infância e depois, por Kristen Stewart) caiu em desgraça após o monarca ter se casado com a bela e misteriosa Ravenna (Charlize Theron, de Monster – Desejo Assassino e Advogado do Diabo). Após assassiná-lo na noite de núpcias, ela prende a princesa numa torre durante anos e usa seus conhecimentos em magia negra para continuar jovem e bonita. Mas, um dia, seu espelho mágico diz que Branca de Neve se tornará a mais bela. Além disso, a moça possui um coração puro, o que pode tornar a rainha imortal.
Só que Branca de Neve consegue fugir do castelo e vai parar na Floresta Negra, temida por todos. O irmão de Ravenna e seu braço direito, Finn (Sam Spruell, de Guerra ao Terror), contrata um caçador, interpretado por Chris Hemsworth (de Os Vingadores e Star Trek) para encontrá-la, já que foi o único que saiu de lá vivo. Após achar a princesa, ele se volta contra a rainha e tenta salvá-la. Branca de Neve o convence a levá-la para outro reino, onde vive o príncipe William (Sam Claflin, de ‘Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas’), seu amigo de infância. No caminho, enfrentam perigos e conhecem um grupo de oito (ao invés de sete, como é no cono original) anões, que decidem ajudar a dupla contra a tirana.
O filme conta com excelentes efeitos especiais, especialmente os que foram usados para transformar atores como Bob Hoskins, Ian McShane e Ray Winstone em anões, além de cenografia e fotografia arrebatadores, onde as cores preta e branca se destacam mais para mostrar o clima de desolação que ocorre no reino após a ascensão da rainha má. Além disso, a trilha sonora de James Newton Howard e a música tema, cantada por Florence & The Machine estão sensacionais. Apesar de novato no cinema, Sanders mostra segurança em realizar suas cenas de ação, embora algumas delas possam parecer muito com as realizadas por Peter Jackson na trilogia de O Senhor dos Anéis. Quase todo o elenco está bem, mas o verdadeiro destaque está na vilã interpretada por Charlize Theron. Ela arrasa no filme, não só por sua beleza, mas por sua interpretação de uma mulher linda por fora, mas completamente feia por dentro, tornando suas cenas bem mais interessantes.
Mas Branca de Neve e o Caçador tem alguns problemas, a começar pelo seu roteiro. Um erro básico que acontece é que, quando o filme começa, ele é narrado pelo personagem de Chris Hemsworth. Lá pela metade, a narração é completamente esquecida e não volta nem para dizer a famosa frase E foram felizes para sempre. Outro problema é que a trama usa a já batida questão de que a protagonista é A Escolhida, tão usada em outras sagas, como as trilogias de ‘Matrix’ e Star Wars, que já se tornou clichê.
Outra coisa que não fica bem resolvida no filme é a questão romântica, já que a história sugere um triângulo amoroso envolvendo os protagonistas, mas não consegue concluir a questão. Além disso, fica muito estranha a transformação de Branca de Neve de uma ingênua e assustada princesa para uma guerreira que, de uma hora para outra, sabe como usar uma espada e se mostra valente e corajosa.
Aliás, Kristen Stewart, infelizmente, não aproveitou a chance de fazer de sua personagem um pouco melhor do que a Bella, da ‘Saga Crepúsculo’, que a tornou famosa mundialmente. Ela continua a fazer suas caras e bocas de forma desnecessária em muitas cenas, enfraquecendo a sua performance. O que é uma pena, pois ela rendeu bem mais em filmes como The Runaways – Garotas do Rock ou em Na Natureza Selvagem. Mas aqui, em Branca de Neve e o Caçador, ela perde “de goleada” para a sinistra Rainha Ravenna de Charlize Theron.
Mesmo assim, Branca de Neve e o Caçador é uma boa surprresa, que deve deixar os fãs de ação e efeitos especiais bem satisfeitos, já que as cenas de ação foram voltadas para esse tipo de audiência. O público feminino também deve gostar da produção, especialmente as fãs do Thor Hemsworth. Vale a pena dar uma conferida nesta releitura do famoso conto de fadas, que aliás também dão o ar da graça no filme.
[xrr rating=3/5]