Perdido em Marte
Ainda que a chancela de ser o melhor filme recente de Ridley Scott não seja exatamente uma grande credencial, dado os sucessivos equívocos que vem apresentando, Perdido em Marte é um filmaço sobre os limites físicos e psíquicos da sobrevivência. Não vem pra ganhar, mas para marcar um ano excelente dos filmes blockbuster adultos e que exigem um pouquinho mais do espectador distraído com seu balde de pipoca.
Ponte de Espiões
Ponte dos Espiões é Steven Spielberg mais uma vez, jogando luz em suas obsessões fílmicas: entender sua América como nação, através das guerras as quais esteve atrelada. É seu melhor filme desde (o também indicado a Melhor Filme) Munique. É também a prova do amadurecimento de Tom Hanks como símbolo cívico do cinema como discurso. Indicação óbvia dos votantes octogenários.
Brooklyn
Aquele tipo de filme que remonta ao cinema fabular de Frank Capra, de uma Hollywood que não existe mais, Brooklyn não deve ser subestimado. Muito menos essa indicação. Por mais que a gente saiba que não vá ganhar, é meio claro que sua indicação foi pela certeira memória afetiva que extrai dos (muitos) americanos que são e fizeram o país através de seus passados imigratórios, transformado em “american way of life”.
O Regresso
Talvez o filme mais badalado entre os indicados, O Regresso reflete a dor e a delícia de seu criador, o diretor Alejandro González Iñarritu. Ao mesmo tempo em que é tecnicamente brilhante, e muito bem defendido por seu atores (Leonardo DiCaprio está excelente sim!), também é um filme desesperado para ser um épico humanista. E por esse desespero aparante do diretor se fazer tão presente, torna seu resultado inconsistente e pretensioso demais.
Mad Max
Acredite, Mad Max é um dos que mais merece esse Oscar. E pelas razões mais simples: é um puta filme de ação, embasado numa potente identidade estética, tem um roteiro cheio de camadas dentro de sua aparente simplicidade dramatúrgica e é o retorno – cheio de testosterona e consistência – do diretor George Miller com bagagem do passado, mas se apropriando do presente para fazer de seu filme um irretocável corpo estranho.
A Grande Aposta
A Grande Aposta é um filme esquisito. Mas leia isso com entonação de elogio. A esquisitice aqui ganha ares e espessura de originalidade, ao falar de um tema tão… Esquisito: o capitalismo selvagem americano corroendo sua própria economia. A forma como a história é apresentada e o resultado que proporciona para o espectador, especialmente no sentido sociológico, fazem desse filme “esquisito”, uma das melhores caricaturas que Hollywood já fez sobre seu próprio quintal.
O Quarto de Jack
Muito tem se falado sobre o incrível O Quarto de Jack (com muito ou pouco entusiasmo), mas poucos falam do trabalho fenomenal de seu diretor, Lenny Abrahamson, que transforma uma história carregada de tragicidade, num libelo sobre o despertar. O filme tem um vigor no que se propõe muito dolorido. Do tipo que nos perturba através do tanto que sensibiliza. E ainda tem as atuações impressionantes de Brie Larson e Jacob Tremblay. Forte candidato. E muito merecido.
Spotlight
Spotlight é um filme muito importante. Sua radiografia do trabalho investigativo de um grupo de jornalistas de Boston, que desbaratou casos de pedofilia acobertados pela igreja, é daqueles trabalhos que terão ressonância por anos. E ainda é um thriller de muita competência exatamente por não deixar pedestais nem do que investiga como cinema, nem como discurso. É difícil fazer o simples, ainda mais sendo “baseado em fatos reais”. Pois Spotlight transformou sua aparente simplicidade num contundente e humanizado “filme-denúncia”. Merece Oscar, Pulitzer…
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