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“Capitão América” diminui personagens para enaltecer o símbolo

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Uma das maiores reclamações de quem assistiu Capitão América (Captain America, 2011, Marvel Studios) nestes últimos dias foi a falta de aprofundamento nos personagens. Num filme de super heróis este fator já deixou de ser dominante, começando lá atrás com a histórica caracterização do Superman por Richard Donner/Mario Puzo, passando por obras como a trilogia Homem-Aranha, de Sam Raimi, e pelos filmes do Homem de Ferro até culminar nos trabalhos de Christopher Nolan com o Batman. Com tanta coisa boa para se fazer escola, por que Capitão América teria esse problema? Porque o foco dele é outro.

O ator Chris Evans estampa o mítico herói americano nas telonas nesta adaptação feita pelo diretor Joe Johnston. Evans é um tanto quanto limitado, mas faz seu papel sem prejudicar a mensagem que o filme quer passar. Acompanhado dos competentes papeis coadjuvantes de Tommy Lee Jones (Coronel Chester Philips), Hayley Atwell (Peggy Carter) e Sebastian Stan (Bucky Barnes) o protagonista desenvolve sua parte na película como o símbolo que é e não como um personagem normal, apenas. Como percebemos logo no começo Steve Rogers nasceu com um missão, e aceitando esta missão o rapaz troca quase tudo que fora pelo bem do sonho americano representado em seu uniforme.

É muito natural que haja uma certa explicação para as motivações de determinados personagens e o mesmo acontece com Steve Rogers. Menino franzino Rogers foi um garoto bem educado nas verdadeiras necessidades de seu país e em como se tornar um homem. Logo no começo já o vemos sem seus pais, que faleceram, sobrando para este adoecido garoto cuidar de si mesmo. Rogers então, acompanhando as notícias de guerra no fronte Nazista, decide que quer deixar de ser apenas um garoto e tornar-se mais uma peça na arma de guerra americana. A única coisa realmente importante fora o símbolo em que Evans se torna é sua integridade como homem, o único traço mantido após a transformação proposta pelo Doutor Erskine (Stanley Tucci).

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O único problema real de todo o trabalho é o vilão. Hugo Weaving é um dos melhores atores dos últimos anos, mas deixa de ser o nazista calculista mostrado no começo do filme para tornar-se um vilão cheio de chiliques e ataques nervosos, bem como Adolf Hitler em seus últimos dias antes da morte no fim da Segunda Guerra Mundial. Uma pena desperdiçar um talento como este num vilão pouco convincente.

Fora este detalhe o símbolo americano é bem desenvolvido. O romance de Rogers com a agente Carter ocorre com pressa justamente para não haja tanto apego a isto, afinal o objetivo era congelar o herói para que reacordasse no presente. A verdadeira história do Capitão América começa com os Vingadores, e esta era a metal real deste filme no sentido comercial: faturar preparando terreno para o futuro.

De qualquer forma, o filme diverte dentro de sua proposta, mas o mais importante é entender o que é tentado passar como mensagem: Capitão América não é sobre o homem por baixo da máscara, mas sim a própria máscara.

Diretor: Joe Johnston
Elenco: Chris Evans, Samuel L. Jackson, Hugo Weaving, Sebastian Stan, Hayley Atwell, Toby Jones, Tommy Lee Jones, Dominic Cooper, Neal McDonough
Produção: Kevin Feige
Roteiro: Stephen McFeely, Christopher Markus
Fotografia: Shelly Johnson
Duração: 124 min.
Ano: 2011
País: EUA
Gênero: Aventura
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Marvel Studios
Classificação: 12 anos

[xrr rating=3/5]

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