“Carrie” do presente é realmente “estranha” frente ao passado.

Stephen King é um fetichista do terror. E sabe muito bem disso há anos. Fazer do sobrenatural um fetiche de suas metáforas fez, ininterruptamente com que sua literatura seduzisse o cinema. Brian De Palma, num distante 1977, transformou essa particularidade em emblema de sua cinematografia no inesquecível “Carrie, A Estranha”, trazendo para o universo de King uma repercussão nunca antes vista.

carrie-and-mom-2013 Não dá para entender muito por que Hollywood resolveu reviver o título numa versão moderna. Se me fizer de Poliana até poderia supor que a história em si traz muitos aspectos da modernidade como buyling, redes sociais e afins, mas não. O intuito é fazer mais um suspense para adolescente ver, ou seja, sustos fáceis e roteiro clichê. Entretanto, a força do plot do autor é irresistível e mesmo sabendo de cor o clímax da trama, a montagem nos conduz sem grandes juízos de valor. A diretora Kimberly Peirce não atrapalha esse andamento e não tem como não assimilar a curva dramática (mal explorada, vale dizer) da Carrie feita pela gracinha Chloë Moretz e sua mãe obtusa (Julianne Moore, soberba e desconstruída).

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Chloë é Carrie White, uma garota de uma cidade pequena que sofre bullying dos colegas de sala e é atormentada por uma mãe fanática religiosa interpretada por Moore. Fruto de uma gravidez indesejada pela mãe, considerada por esta um ato de pecado, Carrie tem seus desejos reprimidos e vive enclausurada em casa num “closet” embaixo da escada. Lá, é obrigada a rezar pelos pecados que ainda não cometeu. Após tanto sofrimento (e com, a descoberta da puberdade), a personagem começa a descobrir seu dom de telecinesia, quando começa a mover e controlar objetos com a força da mente. A partir dessa descoberta, os desdobramentos, principalmente na High School que convive, ganha níveis trágicos.
Claro que a densidade que Pierce aparentou em seu filme mais célebre – “Meninos Não Choram” – ficou de fora do set desse suspense, mais preocupado na forma de dar sustos e não na justificativa de sua forma. A modernidade transformou o fetiche de Stephen King em banalidade. Já que vivemos em tempos caretas, resta apenas nos divertir.

[xrr rating=2.5/5]

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