A reprise de ‘Dancing Days’ no canal Viva reacendeu a nostalgia daqueles dias da disco. Mas nem só de Staying Alive e I Will Survive foi feita a segunda metade da década de setenta. O pano de fundo dos sacolejos nas pistas era bastante intenso. O primeiro mundo sofria uma aguda crise econômica desencadeada pela crise do petróleo de 1973, o movimento punk eclodia no Reino Unido e os E.U.A viviam a ressaca do Vietnã, do escândalo político Watergate e começavam a ter dúvidas em relação ao seu way of life. O Irã passava por uma revolução Islâmica, que derrubara o governo do Xá financiado pela Casa Branca e a União Soviética se preparava para ter seu Vietnã, o Afeganistão. O cenário de esperança projetado pelos hippies dos na década anterior não se concretizou. Instalou-se um certo pessimismo. O desbunde politizado da década de sessenta se transformou em hedonismo, as drogas expansoras de mente deram lugar à cocaína e o amor livre passou a ser praticado sob a forma de orgias.
Para fazer um panorama desse período conturbado, o CCBB RJ traz a mostra de documentários e filmes entitulada A Era Disco no Cinema, que vai até dia 5 de maio.
Cinderella, com Cheryl “Rainbeaux” Smith: versão safadinha do conto infantil
Não se trata tão somente de exibir filmes produzidos na época ou diretamente ligados à disco. Há produções mais recentes retratando o período, ou mesmo produzidas na própria época que não versavam sobre discotecas, mas que traduziam bem aquele momento. Todos sabem que o epicentro do universo era o Studio 54. Não à toa, haverá 3 filmes relacionados com o lendário clube: o documentário Studio 54, o filme ‘Studio 54′, de 1998, estrelado por Salma Hayek, a queridinha daqueles anos 90 Neve Campbell e Mike Myers no papel de Steve Rubell, e o documentário sobre Steve, também de 1998.
Philip Seymour Hoffman, Mark Wahlberg e John C. Reilly em “Boogie Nights”
O ótimo ‘Boogie Nights: Prazer Sem Limites’, de 1997, estreia de Paul Thomas Anderson no cinema também está presente na programação. O filme narra a saga de ascensão e queda de um ator pornô (supostamente inspirado em John Holmes) vivido por Mark Wahlberg descoberto por um diretor de filmes eróticos que acredita que o gênero deve ser considerado arte. O papel foi interpretado magistralmente por Burt Reynolds. Por falar em pornô, também será exibido o trash/cult Cinderella, de 1977, versão sexploitation/topsy turvy do conto da Gata Borralheira. Nessa versão, a fada madrinha é um negro gay, o baile é uma suruba e o sapatinho de cristal… Bom, quem tiver curiosidade de ir ver vai saber, mas dá para adiantar que também tem a ver com encaixe. Certamente esse filme influenciou o nosso “Histórias que Nossas Babás Não Contavam”, sátira pornochanchada da Branca de Neve. Outra pérola trash que faz parte da mostra é Nocturna: A Neta de Drácula, estrelada pela vietnamita Nai Bonet. História absurda, atuações canhestras, como um bom filme b deve ter, e ainda embalado pela música disco.
Nai Bonet em “Nocturna: A Neta de Drácula”
Claro que na mostra não podia faltar ‘Os Embalos de Sábado à Noite’, inclusive o terno de Tony Manero está exposto no espaço. A desnecessária continuação ‘Os Embalos de Sábado Continuam’ também será exibida. Confira a programação aqui.
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