[Este artigo foi escrito pelo colaborador Daniel Ribas]
A adaptação de Ensaio sobre a Cegueira, dirigida por Fernando Meirelles, não causou uma reação emocionada do público hoje em Cannes. Seja pelo conteúdo pesado do filme, que trata das atitudes extremas que o ser humano é capaz em uma situação apocalíptica, ou por uma sincera falta de comoção da platéia, a sessão terminou com poucos aplausos e uma atitude que pode ser interpretada tanto como indiferença quanto choque ou respeito. Após a exibição, houve a coletiva para imprensa, lotada. Junto com o diretor, estavam os atores Julianne Moore, Alice Braga, Gael Garcia Bernal, Yusuke Iseya, Yoshino Kimura e Don McKellar, que também roteirizou o longa. Além do elogios de praxe entre membros da equipe, Meirelles contou que adorou a experiência de filmar com um elenco internacional. O cineasta também contou que motivo que o levou a fazer o filme, que seria a pouca capacidade da sociedade de se manter civilizada perante uma catástrofe, levando a comparações com o desenrolar de eventos reais, como o estado de abandono das prisões brasileiras.
Ensaio sobre a Cegueira é uma produção independente composta por produtores do Brasil, Canadá e Japão. O elenco também é composto por brasileiros, americanos, mexicanos e japoneses, além de ter sido filmado em São Paulo, Ontario (Canadá) e Montevidéu (Uruguai). O filme estréia no Brasil em 12 de setembro.
Como nota de rodapé, é interessante notar que o filme de abertura é abertamente crítico à noção atual de mundo globalizado, com sua defesa de que várias nacionalidades juntas ainda assim são impotentes diante do desastre, o que se encaixa dentro do contexto politizado que esta edição quer imprimir.
[Este artigo foi escrito pelo colaborador Daniel Ribas]