“Chamada de emergência” é mais uma bola fora na carreira de Halle Berry

Pobre Halle Berry… Depois de se tornar a primeira afro-americana a ganhar o Oscar de Melhor Atriz em 2002 por sua ótima interpretação em “A Última Ceia”, não conseguiu participar de nenhum outro projeto realmente interessante. Após viver uma Bond Girl em “007 – Um Novo Dia Para Morrer”, no mesmo ano em que se consagrou, ela fez algumas escolhas ruins, que culminaram no indefensável “Mulher Gato”, que acabou lhe rendendo o Framboesa de Ouro de Pior Atriz de 2004. Pelo menos ela teve espírito esportivo e foi à cerimônia de premiação dos Razzies e até fez um divertido discurso. Os anos se passaram e nenhum outro filme conseguiu colocá-la de volta ao estrelato e aos prêmios (a franquia “X-Men” não conta). Se Halle Berry continuar a se envolver com filmes como o recente “Chamada de emergência” (“The Call”), a situação dela não vai mudar muito em relação aos últimos anos.

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No filme, Berry vive Jordan Turner, uma veterana atendente de chamadas para o 911 (o equivalente ao 191 aqui no Brasil) de Los Angeles. Ela entra numa profunda crise após um erro de julgamento numa ligação que terminou com a morte de uma adolescente, anos atrás. Afastada do seu cargo e tomando remédios contra ansiedade, ela se tornou uma instrutora para novos operadores até o dia em que a central recebe a chamada da jovem Casey (Abigail Breslin, de “Pequena Miss Sunshine”, já bem crescida), que foi sequestrada quando saía de um shopping center e está trancada no porta-malas do carro de um psicopata. Jordan, então, assume o comando da operação e tenta acalmar a garota ao mesmo tempo em que tenta descobrir o seu paradeiro e superar seus traumas do passado.

A partir daí, o filme mostra a corrida contra o tempo que Jordan tem que disputar para conseguir salvar Casey das mãos do bandido. O problema é que o celular que está com a jovem não tem GPS, deixando a localização do carro onde ela está mais difícil de rastrear. Além disso, acontecem algumas reviravoltas que tornam ainda mais complicada a busca feita pela polícia e acabam fazendo com que Jordan acabe se envolvendo ainda mais no caso.

Só que o roteiro, escrito por Richard D’Ovidio, é bastante ineficaz ao mostrar essas viradas na trama sem cair no ridículo. Enquanto Casey está dentro do porta-malas do carro do sequestrador, a história tem um bom andamento, gerando bons momentos de suspense (embora não sejam muito diferentes do que é visto hoje em dia em séries de TV, como “Criminal Minds” ou “Dexter”). Depois que acontece a primeira reviravolta, quando o psicopata vivido por Michael Eklund é obrigado a trocar de veículo, a coisa desce ladeira abaixo, com situações que chegam a ser risíveis de tão ruins. Mas o pior mesmo é quando Jordan, por conta própria, sai em busca de Casey e se mostra mais esperta do que a polícia ao descobrir onde Casey está escondida, na parte final do filme, que termina com um desfecho que, na tentativa de ser surpreendente, mais parece um pastiche da série “Jogos Mortais”.

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O diretor de “Chamada de Emergência”Brad Anderson, que assumiu o filme após a desistência de Joel Schumacher, não foi tão eficaz quanto em seus filmes anteriores, como “O Operário” e “Próxima Parada Wonderland”. Ele até se sai bem nas cenas em que Casey tenta se livrar de seu cativeiro sobre rodas, enquanto tem a ajuda de Jordan por telefone. Mas depois que passa essa parte da história, o cineasta não causa mais nenhum impacto com suas soluções. Há, inclusive, uma cena indigna de nota, quando Jordan descobre onde a menina está escondida e é possível ver ao fundo uma bandeira dos Estados Unidos acima de sua cabaça, para dar um tom meio heróico, meio patriótico, mas totalmente inadequado à situação.

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Quanto ao elenco, o principal destaque está em Abigail Breslin, que mostra que o sucesso alcançado pela sua personagem em “Pequena Miss Sunshine” não foi por acaso. A atriz, que completa 17 anos em 14 de abril de 2013, já possui uma filmografia considerável e tem uma interpretação convincente como a amendrontada Casey. Já Halle Berry até faz um bom trabalho no filme, mas acaba sendo sabotada pelo péssimo texto que não a ajuda a desenvolver sua personagem ao contento. Mas o pior fica para Michael Eklund, que passa pelo constrangimento de personificar o assassino mais burro e sem graça do ano, até agora.

Enfim, “Chamada de Emergência”, mesmo tendo sido um sucesso nos EUA, fracassa em sua tentativa de ser um bom filme de suspense. Na verdade, ele se revela um verdadeiro trote telefônico para todos os envolvidos, especialmente para Halle Berry, que até veio ao Brasil para lançar essa produção equivocada.

[xrr rating=2/5]

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