Era para ser um dia de folga para Dante (Brian O’Halloran), mas um telefonema inesperado o informa de que ele tem que trabalhar. Essa é a premissa de O Balconista, o primeiro filme de Kevin Smith, que conta o desenrolar do dia de Dante na loja onde ele trabalha. Todo em preto e branco, somos apresentados a diversos personagens, como seu melhor amigo Randal (Jeff Anderson), que trabalha na locadora ao lado e sua namorada, Veronica, que não considera o sexo oral como sexo de verdade. O entra e sai dos fregueses promete cenas engraçadíssimas, além do toque especial dos personagens Jay e Silent Bob, que vendem suas drogas do lado de fora da loja.
O que pode parecer banal é na verdade quase um estudo sobre o comportamento humano quando colocado sob pressão. Dante reclama o tempo todo que não deveria estar ali, pois era dia de jogar hóckei. Os ânimos ficam mais alterados quando ele descobre que a ex-namorada está prestes a se casar. Todos esses elementos são colocados um a um, para no final entrarem em ebulição e nos supreender com o desfecho dos acontecimentos. Os diálogos são bem elaborados, marcando uma época em que CG era uma realidade distante. O filme é de 1994 e foi filmado na própria loja onde o diretor trabalhava, depois do expediente.
Doze anos depois Kevin filmou a continuação e os personagens também envelheceram doze anos. Agora Dante e Randal trabalham em uma cadeia de fast food. Novos personagens vêm à tona, como o evangélico Elias e a chefe gatíssima, Becky.
Dante está noivo com uma bela loira, Emma (Jennifer Schwalbach Smith, a esposa de Kevin Smith na vida real) e vai se mudar para outra cidade. É seu último dia de trabalho, e novamente os acontecimentos se acumulam para um final surpreendente (ou nem tanto). Dessa vez, o filme é colorido e os bons diálogos permanecem. Jay e Silent Bob passaram alguns anos na cadeia e voltaram mais religiosos do que antes, garantindo uma cena impagável de Jay dançando pelado.
Silent Bob, interpretado pelo diretor Kevin Smith, é quem dá a lição de moral. O personagem só tem uma fala, mas sua presença é marcante. Ele é o sujeito que não fala nada, mas saca tudo. É o que se pode esperar do mesmo diretor dos filmes Procura-se Amy, Dogma e Pagando Bem, Que Mal Tem?.
Estes filmes são fantásticos, quando eu vi o Balconista já tinha visto "Barrados no Shopping" (Mall Rats, lançado no Brasil com esse nome idiota devido ao também idiota título nacional "Barrados no Baile" da série Beverly Hills 90210), assim não foi meu primeiro filme do Kevin Smith, mas foi fantástico do mesmo modo.
Adoro o primeiro, mas sou apaixonado pela maluquice tosca e sem controle do segundo!
Nossa, são filmes excelentes. Foi uma ótima fase para Kevin Smith. O Balconista foi o primeiro que vi, por coincidência, quando comecei a trabalhar numa locadora eheheh.