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Convenção das Bruxas – não há magia que o salve de sua falta de magia

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Há exatos 30 anos, o diretor Nicolas Roeg absorveu a obra original escrita por Roald Dahl, desenvolvendo com o desprendimento típico dos filmes-pipocas das décadas de 1980/1990 e lançou o hoje clássico (das sessões vespertinas de TV aberta) Convenção das Bruxas, que marcou pela pegada deliciosamente soturna e macabra para um filme que dialogava direto com o público infanto-juvenil.

A história sobre bruxas malévolas  que tinham o plano de transformar todas as crianças do mundo em ratos, seduziu gerações justamente pela dualidade interessante que proporcionava como entretenimento. A adaptação da história em 2020, dentre tantas debilidades, já parte dessa falta de propriedade da matriz literária, ainda mais para quem assistiu e/ou ficou marcado pelo filme de 1990.

Robert Zemeckis é um diretor inconstante em sua filmografia. Por mais que esteja por trás de ápices da indústria, como a franquia De Volta Para o Futuro, nunca sabemos o que esperar de suas mãos, especialmente na última década. Aqui, ele parece estar com preguiça de ir além das convenções (opa!) que sua história facilmente explicita.

O que o filme atual tem de mais interessante é o que faz mais que a obrigação de fazer: dialogar com o mundo como ele é. Então, a história se passa no Alabama dos anos 1960, protagonizado por uma família negra com um menino que acabou de perder os pais (Jahzir Bruno) e sua avó que o acolhe, vivida pela sempre carismática Octavia Spencer. Mas a pauta para por aí. É mais um aceno aos novos tempos que um construção dramática de algo.

Anne Hathaway faz o que pode sendo a grande bruxa mestra que se resume a isso: uma grande bruxa mestra. Nenhum personagem tem qualquer estofo além de uma caricatura que a personagem já traga no nome. A bruxa é bruxa malvada. A Avó é avó compassiva. O neto é o neto esperto… e por aí vai.

O recorte mezzo assustador, mezzo divertido do filme original se empalidece numa história pedestre que talvez se justifique pelo fato de nos EUA, o filme ter ido direto para o canal de streaming da Warner (HBO MAX), ainda inexistente no Brasil.

Zemeckis fez o que Roeg se recusou no filme original: banalizou a ideia de contos infantis como se o público alvo não fizesse juízo de valor do que vê. Talvez não faça mesmo. Mas o Convenção das Bruxas de 2020 não passa de mera distração, sobretudo diante da comoção que o Convenção das Bruxas de 1990 proporcionava.

Nota: Ruim (2 de 5 estrelas)
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