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Crítica: “Vingadores: Era de Ultron” consagra de vez o grupo de heróis da Marvel

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Lançado em 2012, “The Avengers: Os Vingadores” fechou com chave de ouro a chamada “Fase Um” da Marvel Studios, quando apresentou cada um de seus principais integrantes (Homem de Ferro, Capitão América, Hulk e Thor) em filmes solo, que também contaram com outros membros (Viúva Negra e Gavião Arqueiro) em participações especiais. Todos eles foram, em maior e menor grau, bem sucedidos. Mas ninguém esperava que a aventura entregue pelo diretor Joss Whedon seria tão empolgante e divertida, a ponto de aumentar ainda mais o número de fãs destes heróis pelo mundo afora e fazer muita gente aguardar o próximo capítulo, ainda mais com uma cena após os créditos que, aparentemente, mostrava quem seria o novo desafio que eles teriam que enfrentar logo. Porém, para a surpresa geral, ao anunciar o filme que juntaria os heróis novamente na “Fase 2”, durante a Comic-Con 2013, muitos não entenderam por que ele se basearia nem histórias envolvendo um vilão até então não introduzido neste universo, mesmo sendo bastante popular entre os conhecedores dos quadrinhos. Felizmente, Whedon e o pessoal da Marvel Studios sabiam exatamente o que estavam fazendo e conseguiram fazer de “Vingadores: Era de Ultron” (“Avengers: Age of Ultron”) uma continuação digna, coerente e muito divertida, de fazer a galera vibrar no cinema.

No começo da trama, Os Vingadores executam uma missão no fictício país da Sokovia, para resgatar o cetro de Loki (Tom Hiddleston), que está em poder do Barão Strucker (Thomas Kretschmann), um agente da Hidra, e guarda perigosos segredos. Eles acabam entrando em contato com os irmãos Pietro (Aaron Taylor-Johnson) e Wanda (Elizabeth Olsen) Maximoff, que possuem poderes especiais e se mostram bastante hábeis durante um combate, graças à super velocidade dele e aos poderes mentais dela. Após obterem o objeto, Tony Stark (Robert Downey Jr), o Homem de Ferro, decide usar as habilidades da gema que tem no cetro para criar e desenvolver Ultron, uma inteligência artificial que ajudaria a preservar a paz no mundo, e poderia evitar que suas vidas corressem risco. O que Tony não contava é que Ultron (James Spader) evoluiria rapidamente e se voltaria não só contra o seu criador, mas também contra todos os Vingadores. Assim, o grupo precisa se unir para impedir que o androide (que dominou outros robôs de Stark, formando seu exército) fique cada vez mais poderoso e seja bem sucedido em seus planos de controlar a humanidade e, no processo, destruir quem estiver no seu caminho.

Com um excelente controle de ritmo, Whedon mostra que, assim como o seu vilão cibernético, quer evoluir como cineasta e roteirista e aproveitou a chance de ir além do que havia feito no primeiro filme. Além das cenas de combate extremamente bem realizadas e envolventes (ao contrário do que Michael Bay costuma fazer, especialmente na franquia “Transformers”, que causa mais tédio do que empolgação), o diretor quis colocar mais drama para humanizar seus personagens. Uma sequência que evidencia este desejo é quando todos os Vingadores são confrontados com questões de seus passados e desejos internos, que acaba deixando-os mais vulneráveis. Além disso, há até espaço para um envolvimento amoroso entre o Hulk/Bruce Banner (Mark Ruffalo) e a Viúva Negra (Scarlett Johansson), que é bem inserido na trama e não soa desnecessário, graças ao bom texto de Whedon, que conseguiu conciliar o entretenimento puro e simples, com algo mais profundo que não pôde colocar anteriormente. Mas, claro, o diretor não se descuida e entrega ao público aquilo que ele realmente quer: muita ação e um ótimo humor, com piadas inspiradas e que se tornam ainda mais engraçadas para quem conhece melhor o universo Marvel.

Outro mérito de “Vingadores: Era de Ultron” está no bom espaço dado para que os atores possam dar mais relevância para os seus personagens. Robert Downey Jr, como sempre, se destaca como o alívio cômico com a arrogância divertida de Tony Stark, o que não impede que tenha seus momentos mais reflexivos, algo que ainda não tinha sido bem trabalhado antes. Chris Evans, cada vez mais, se sente mais confortável (e confiável) como o Capitão América. Chris Hemsworth, no entanto, é o que menos adiciona camadas ao seu Thor, embora tenha alguns bons momentos. Mas um dos Vingadores que realmente salta aos olhos é Jeremy Renner, que tem a chance de tornar o Gavião Arqueiro muito mais relevante (não só pela oportunidade de ser mais importante nas cenas de ação, mas também por ter detalhes de seu passado revelados). Outra que também chama a atenção é Scarlett Johansson, que exala sensualidade como a Viúva Negra, mas que se torna mais sensível ao descobrir sentimentos que acreditava não ter mais por outra pessoa. Já Mark Ruffalo consegue, novamente, a proeza de fazer com que o Hulk (e seu alterego) seja o personagem mais carismático, capaz de fazer o espectador se importar com ele, especialmente pelo conflito que vive por ser uma criatura sem controle. Aliás, uma das melhores e mais incríveis cenas do filme é quando o gigante esmeralda (muito mais realista do que nas versões anteriores, graças a um ótimo aprimoramento da captura de movimentos) enfrenta o Homem de Ferro numa verdadeira batalha que ocorre na África do Sul e mostra do que a criatura é mesmo capaz de fazer.

Entre os “novatos” da franquia, quem chama a atenção é Elizabeth Olsen, que consegue transmitir bem a personalidade transtornada de Wanda, também conhecida nos quadrinhos como a Feiticeira Escarlate. Já Aaron Taylor-Johnson, que vive Pietro, o Mercúrio, se limita a fazer gracinhas, especialmente com o Gavião Arqueiro, e acaba sendo pouco memorável. Curiosamente, o mesmo personagem aparece em “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”, mas interpretado por outro ator (Evan Peters), e foi tratado de forma bem mais interessante do que aqui. Mesmo assim, ele não chega a atrapalhar.  Andy Serkis, que interpreta Ulysses Klaue, pouco tem a fazer, mas deve ser melhor aproveitado no vindouro filme do Pantera Negra ou mesmo nos próximos capítulos dos Vingadores. Porém, o maior acerto do elenco foi a escalação de James Spader para fazer a voz do temido Ultron. O ator consegue intimidar com sua fala cheia de ódio contra a humanidade, mesmo quando chega a cantarolar uma das canções do clássico da Disney, “Pinocchio”, durante um momento da trama. Além de Ultron, o surgimento do Visão (Paul Bettany) também contribui para tornar o filme ainda mais empolgante, já que os dois robôs levam a uma discussão interessante sobre os humanos e suas relações antagônicas com eles.

IF

Embora seja bastante longo, com duas horas e 21 minutos de duração, “Vingadores: Era de Ultron” não cansa, mesmo com o desnecessário 3-D usado no filme, e dá vontade de ver mais histórias do grupo de heróis mais popular da Marvel. Felizmente, já foi anunciada mais uma aventura, que será dividida em duas partes (com o provável título “Vingadores: Guerra Infinita”) e prevista para estrear em 2018 e 2019. Pelo jeito, ainda teremos muito para vibrar no cinema com o Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Hulk, Viúva Negra, Gavião Arqueiro e quem mais quiser vir participar desta festa. E, como dizem nos quadrinhos: “Avante, Vingadores”!

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