No dia 11 de novembro, o diretor Bruno Barreto, o escritor Aguinaldo Silva e parte do elenco de “Crô – O Filme” fez uma entrevista coletiva num hotel do Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. O filme, inspirado no personagem mais popular da novela da TV Globo “Fina Estampa”, de 2011, mostra a busca de Crô (Marcelo Serrado) por uma nova patroa após herdar uma fortuna de Teresa Cristina (Christiane Torloni, que não aparece na produção) e se mudar para São Paulo.
Durante a entrevista, Marcelo Serrado disse que não esperava que seu personagem fosse fazer tanto sucesso e que só toparia repetir o papel num filme se o roteiro fosse escrito pelo ‘pai’ de Crô, Aguinaldo Silva, assim como a também participação de Barreto e os outros atores. O autor, que confessou adorar escrever para o cinema e que só teve cinco dias para criar o roteiro, afirmou que teve que convencer muitas pessoas para conseguir Serrado para o papel, já que ele vinha de uma performance completamente diferente, como um delegado sanguinário na novela “Vidas Opostas”, da Rede Record.
O escritor acrescentou que, quando foi chamado para escrever a trama do filme, estava incomodado com uma reportagem que mostrava o uso de bolivianos em confecções de São Paulo e achou que isso daria mais densidade ao protagonista, que resolve ajudar a menina Paloma, interpretada pela estreante Úrzula Canaviri (muito elogiada pelo diretor), após descobrir que ela trabalhava em péssimas condições.
Bruno Barreto elogiou o texto de Aguinaldo Silva e disse que fez boa parte das cenas respeitando o roteiro, embora tenha deixado uma ou outra por conta da improvisação dos atores, desde que achasse pertinente. Ele também enfatizou que apesar de ser um filme leve, foi mais difícil de ser feito do que seu filme anterior: “É muito mais difícil fazer esse filme do que o ‘Flores Raras’, porque o humor é muito mais complicado do que o drama”. Além disso, a produção teve problemas financeiros para ser realizada. A produtora Paula Barreto revelou que teve dificuldades para obter o dinheiro para realizar “Crô – O Filme” e que o orçamento foi de R$ 5,2 milhões e só foi captado apenas cerca de R$ 4 milhões. Mas ela acredita que o filme será um sucesso e que conseguirá pagar o que deve.
O diretor afirmou que uma coisa boa de fazer esse filme foi tratar a causa gay de uma maneira mais brincalhona e solta que não daria certo na TV: “Acho até que a TV Globo é muito audaciosa. Mas você tem mais liberdade no cinema”. Kátia Moraes, que interpreta a empregada Marilda também defende o ponto de vista do cineasta: “Não existe biba, existe gay que dá pinta!”. Para ela, o filme é sobre um personagem solar e que fala de amor. “É uma comédia, mas uma comédia de amor!”, disse a atriz, o que causou algumas risadas na coletiva. Marcelo Serrado diz ter ficado feliz que o público ‘abraçou’ Crô e que isso ajudou a diminuir o preconceito contra os homossexuais.
Serrado também lembrou a importância de Alexandre Nero (que interpreta o mau humorado motorista Baltazar e que não esteve na coletiva): “O Nero é o meu Abbott e Costello, o meu Gordo e o Magro. É a oposição do Crô. Foi fundamental a presença dele no meu lado.”, observa o ator. Ele também acrescentou que, a pedido do diretor, assistiu a filmes de Jerry Lewis, como “O Terror das Mulheres”, para compor seu personagem: “O Crô tem essa coisa criança, lúdica, que é surpreendente”.
Ele elogiou as participações de Ana Maria Braga, Gaby Amarantos e Ivete Sangalo, que interpretou a mãe de Crô. Bruno Barreto disse que ficou surpreso com a dedicação da cantora para esse papel: “Ela não tem o equipamento, mas é uma atriz nata! (…) Ela pediu um DVD da novela porque ela queria ver os trejeitos do Crô para colocar na personagem”. O diretor confessou que escalou Carolina Ferraz para o papel da vilã do filme intencionalmente, por ela se parecer fisicamente com Sangalo: “Existe uma ligação direta e, até mesmo na cena da entrevista entre ele e a Carolina, tem sempre a estátua da mãe dele atrás. A sombra da mãe dela está sempre ali”. Já Carlos Machado, que interpretou o mau caráter Ferdinand em “Fina Estampa”, ficou feliz em voltar para “Crô – O Filme” num papel diferente: “Que bom que ele tinha um irmão gêmeo!”.
Aguinaldo Silva afirmou que teve consciência que estava fazendo cinema, não novela de TV. Por isso, fez uma cena num cemitério que citava “Um Corpo Que Cai”, de Hitchcock, e também os filmes de Federico Fellini. No fim da coletiva, ele revelou que, quando criou o personagem em “Fina Estampa” tinha um objetivo. “A primeira coisa que eu pensei foi fazer um gay que todo mundo vai amar! E eu consegui! Todo mundo amou o Crô e todo mundo vai amar o filme também! Tenho certeza!”, disse o autor.
No final da entrevista, Marcelo Serrado gravou um vídeo exclusivo para os leitores do Ambrosia:
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=HfqVqm0unVY[/youtube]
“Crô – O filme” estreia nos cinemas no dia 29 de novembro.