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“De Canção em Canção”: mais um entediante maneirismo de Terrence Malick

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A obra do cineasta Terrence Malick, desde o seu marcante início em Terra de Ninguém (1973), tem uma obsessão em investigar o sentido da vida, de maneira um tanto semiótica, mas imprimindo sua personalidade artística para além de uma simples linguagem cinematográfica. No entanto, sua busca por esse sentido, até pelo fato de, ao longo dos anos, ele passar de um autor bissexto a um diretor prolífero, foi se tornando apenas uma caricatura. E seus últimos filmes têm sido assim. Como De Canção em Canção, que acaba de lançar.

A história se passa em Austin, no Texas, e vai revelando os personagens em perspectivas. BV (Ryan Gosling) e Faye (Rooney Mara), formam um casal de compositores que se apaixonam, enquanto um típico manager da música chamado Cook (Michael Fassbender) se coloca entre a relação, mesmo sendo amigo de BV. Esse triângulo vai se tornando um novelo, envolvendo outras pontas, como Rhonda (Natalie Portman), uma garçonete que é seduzida por Cook, Amanda (Cate Blanchett), que se envolve com BV, e Zoey (Bérénice Marlohe), cujo envolvimento emocional e psicológico com Faye a personaliza na história.

O cinema de Malick é conhecido pela ruptura narrativa, ou algo como uma “narrativa de semblantes”, numa busca para que as sensações falem por si. Se isso já representou vigor, hoje demonstra pura repetição. Somado a seus maneirismos – o uso do corte seco, do contra-luz, das cenas com fumaças inebriando expressões – seus filmes empalideceram na pretensão. Apenas pela brilhante e recorrente fotografia de Emmanuel Lubezki,  os longas andam rendendo apenas lindos trailers.

Com isso, De Canção em Canção vira um lugar comum em suas manias estéticas. Acompanhamos suas “sensações”, justamente com a sensação de desperdício de história e de elenco. E que elenco! Ainda que parta de um interessante princípio de observação das relações contemporâneas sob uma superfície musical em seus bastidores, o cineasta não consegue mais disfarçar a fragilidade de sua aparente autoralidade. Tanta investigação para um filme simplesmente chato e evasivo. É esse “sentido da vida” que Malick precisa se auto desvendar.

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