Ninguém gosta de ser rotulado. De ser conhecido somente por uma única característica. Se os simples mortais sofrem com isso, o que podemos falar dos vilões? Eles sim são os mais rechaçados e difamados da história. São ignorados, apanham muito, mas continuam lá desempenhando seu papel com toda malevolência para que nós jogadores e heróis possamos salvar o dia no final.
Agora, o que aconteceria se você estivesse correndo por um longo corredor com o Cloud e no final, atrás da porta, o Sephiroth não estivesse mais lá? Ou se depois de muita luta e vários desafiantes, você chega para enfrentar o M. Bison e ele simplesmente vira as costas para você?
É o que acontece com o Ralph, nosso vilão do novo longa de animação dos Estúdios Disney. Ralph é o vilão em um famoso jogo de fliperama onde destrói tudo onde passa com seus 300 kilos, 3 metros e mãos enormes. Mas, Ralph está cansado dessa vida. Ele quer poder confraternizar com os outros personagens de seu jogo, ser convidado para as festas, comer bolos e ganhar medalhas. Só que vilões não fazem nem ganham nada disso e ele se sente muito sozinho.
Decidido a mudar sua história, Ralph vai até um outro jogo de tiro, “Missão de Herói” e consegue sua medalha. Não sem antes causar uma grande confusão e deixar solto um “insetrônico” que pode se multiplicar e destruir todos os jogos de fliperama. Junto com o “insetrônico” Ralph vai parar num adocicado jogo, o “Corrida Doce” onde conhece a espevitada Vaneloppe, um “bug” do jogo que tem um único objetivo: ganhar a corrida.
A princípio Vanellope e Ralph não se entendem muito bem, mas é só ver como os outros corredores tratam a menina para Ralph ficar furioso. Juntos os dois vão dar muita dor de cabeça ao Rei Doce, um monarca de personalidade bipolar e com alguns segredos.
“Detona Ralph” é uma belíssima homenagem aos jogos de fliperama das décadas de 80 e 90, onde muitos passaram boa parte da infância e adolescência. Os personagens são excelentes sem falar nas participações do Zangief, Sonic entre outros ícones dos games. Interessante como eles conseguiram manter as características de cada personagem mesmo fora do seu jogo. Eles não possuem as mesmas definições ou movimentos o que cria uma particularidade muito boa para o filme. Os traços do Ralph e Felix são de um jeito e da Vanellope de outro. A trama é bem objetiva e divertida, sem parar muito para momentos de reflexão como alguns clássicos da Disney costumavam fazer. Tem uma trilha sonora sensacional e a dublagem ficou muito boa.
Quem empresta a voz ao Ralph na versão brasileira é o ator Tiago Abravanel (sim, neto do Silvio Santos) atualmente no ar em “Salve Jorge”. O ator tem um timbre de voz bem grave que coube perfeitamente no personagem, assim como a dublagem original feita por John C. Reily. A fofíssima Vanellope, tem a voz da apresentadora MariMoon, que felizmente não fez feio e soube esconder bem o sotaque, além de acrescentar jeitos fofos a fala da personagem.
O recurso 3D é talvez uma boa pedida para definir os diferentes planos dos jogos, no mais, não tem nenhum outro atrativo. A animação já tem uma sequência prevista com a participação do nosso querido Mario, mas sem qualquer outra informação divulgada.
Como sempre a lição de moral é ótima: não mude pelos outros, mas sim por você mesmo. E se no final todos gostam de você assim, então para que mudar?
Não deixe de conferir nos cinemas.
[xrr rating=4/5]