Comida e imbróglios amorosos são temas recorrentes em produções do sul da Europa, muito em razão da tradição gastronômica e da fama de bons amantes que carregam sobretudo italianos e espanhóis. Tanto o primeiro tema quanto o segundo podem render bons dramas, mas devido à sua leveza as comédias se sobressaem. Dieta Mediterrânea (Dieta Mediterránea/ Espanha 2009) une os dois: trata-se de uma trama sobre comida e imbróglio amoroso.
Dirigido por Joaquin Oristrell, o filme mostra as aventuras e desventuras de Sofia (o pitéu Olivia Molina), uma mulher que cresceu na cozinha do pequeno restaurante da família e desenvolveu um talento ímpar para culinária para descontentamento de sua mãe (a ótima Carmen Balagué de Tudo Sobre Minha Mãe), que deseja uma vida diferente para ela, longe de panelas e fogão, e sim comum emprego “estável”. Sua meta é ser considerada a maior cozinheira do mundo e para isso não mede esforços. Em seu caminho atravessam Toni (Paco León), o certinho que vem a se tornar seu marido, representando a segurança, e Frank (Alfonso Bassave), o latin lover aventureiro por quem Sofia nutre uma forte atração, representando a emoção. Como não se pode ter tudo em uma só pessoa, só resta a Sofia ficar com os dois, numa espécie de Jules e Jim à espanhola, inclusive há uma breve citação ao filme de Truffaut em questão.
O roteiro de Oristrell e Yollanda García Serrano (de Rainhas) é despretensioso e leve, formatado para ser uma comédia de costumes para se assistir com o propósito de dar risadas e passar o tempo, nada mais. O diretor de fotografia Alberto Pascual recebe uma bela ajuda da natureza em seu trabalho no filme, pois o cenário é generoso com qualquer cinematógrafo, mas seu talento se destaca, é claro. Os atores estão todos no tom certo (de comédia espanhola, é claro), com destaque para Carmén Balgué, que rouba a cena quase sempre que está em cena e o trio de protagonistas, embora a um passo da caricatura, consegue não ultrapassar o tom exigido nas situações cômicas.
Dieta Mediterrânea é apenas isso, um divertido exemplar do cinema espanhol atual além de Almodóvar que deve ser assistido sem grandes expectativas, apenas um bom programa para o fim de semana e, certamente, abridor de apetite em alguns espectadores. Um jantarzinho em um bom restaurante após a sessão é uma boa pedida.
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