Que a Rainha Elizabeth II tem uma vida familiar conturbada todos sabemos. Seus filhos e netos provém mais notícia para os tabloídes que qualquer outro monarca. E mesmo achando que já vimos, lemos e sabemos de tudo ainda tem muito mais história por trás da família real britânica.
Em O Discurso do Rei (The King’s Speech) conhecemos a improvável história da ascenção ao trono do Rei George VI (Colin Firth) da Inglaterra. Albert Frederick Arthur George ou Bertie para os íntimos era um homem de família, tranquilo, reprimido e com um sério problema para um Duque, ele gaguejava. Precisando discursar uma hora ou outra, Bertie tremia, suava frio e as palavras lhe faltavam.
Tendo consultado muitos médicos sem nenhum resultado ele simplesmente desistiu. Sua esposa Elizabeth (Helena Bonham Carter) então encontrou um fonoaudiólogo um tanto ortodoxo, o Sr. Lionel Logue (Geoffrey Rush). Desde o primeiro encontro, Bertie duvidou da capacidade de Logue em conseguir-lhe ajudar com sua gagueira. Como uma primeira tentativa, Logue lhe coloca fones de ouvindo tocando música clássica e peça que ele leia um trecho de uma peça de Shakespeare para poder gravar. Muito a contra gosto, Bertie lê a peça com a música berrando aos ouvidos, com a certeza de que atropelou todas as palavras e não disse nada com nada. Revoltado ele tira os fones e dispensa os serviços de Logue que lhe entregue o disco com a gravação.
Preocupado com o seu futuro e com a iminente doença de seu pai, o então rei George V, Bertie ouve a gravação e fica estupefato com a sua voz nítida no gramofone recitando todas as palavras sem tropeçar em nenhuma delas. Ele volta ao consultório de Logue que lhe faz um pedido inusitado: que eles deixem de lado as formalidades e se chamem pelo primeiro nome, algo nada convencional se tratando de alguém da realeza. As sessões começam e uma estranha amizade entre esses dois homens vai surgindo.
Infelizmente uma reviravolta muda tudo. O rei George V (Michael Gambon) falece e seu irmão Edward (Guy Pearce) assume o trono, se tornando o rei Edward VIII. Bertie sabe que seu pai era contra tal sucessão já que seu irmão está tendo um romance com uma socialite divorciada por duas vezes. O Primeiro Ministro Inglês aconselha Edward a não seguir com a idéia de casamento, já que iria fazer com que ele abdicasse do trono. Edward então abdica do trono passando-o para seu irmão. Eis que o desespero bate a porta do novo Rei e ele precisa correr com o tratamento para assim conseguir discursar para seu povo a fim de enfrentar a guerra que se aproxima mais e mais.
O filme dirigido por Tom Hooper é o que possui o maior número de indicações a 83º cerimônia do Oscar, a ocorrer em 27 de Fevereiro. Colin Firth em uma atuação impecável, encanta o público com um Rei gago e desajeitado, mas com muita coragem para reinar uma Inglaterra a beira da 2º Guerra Mundial. O empenho em assumir o personagem lhe garantiu uma autenticidade incrível e sua gagueira é natural, como se o ator fosse de fato gago. Mas, sozinho ele não conseguiria.
Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter foram a escolha perfeita e juntos os três possuem uma química incrível. Rush como o fonoaudiólogo que mudou a vida do Rei e Bonham Carter como a esposa determinada a ajudar seu marido a ser um Rei completo. As cenas em que estão os três ou somente dois deles se torna a alma do filme. O roteiro muito bem elaborado, tem alguns diálogos tirados do diário do próprio Lionel Logue, entregue a equipe por seu tataraneto nove meses antes da conclusão das filmagens. A edição, a fotografia, o cenário, a direção, contribuiu para que esse filme seja em uma simples palavra: primoroso.
Não perca a estréia nos cinemas dia 11 de Fevereiro.
Curiosidade: A atual Rainha da Inglaterra vem a ser filha do Rei George VI, último Imperador da Índia e Rei da Irlanda antes de ambos os países declararem independência. O fonoaudiólogo Logue recebeu uma condecoração por prestar serviços a Monarquia.
[xrr rating=5/5]
Sua resenha realmente me interessou, e olhar que eu não esperava ver o filme tão cedo.
Resenha incrível. Filme melhor ainda. Depois de "A origem" (que infelizmente não vai ganhar p*** nenhuma, eu sei) "O Discurso do rei" é meu favorito.