Hollywood vive rodando sua bolsinha (de valores) para o cada dia mais lucrativo mercado literário, principalmente os feitos para seduzir adolescentes de pouca exigência crítica. Nessa aritmética existe um abismo entre a mediocridade tipificada da saga Crepúsculo e solidez dramatúrgica (e domínio do universo criado) da franquia Harry Potter. Jogos Vorazes, salve, faz parte do segundo grupo. E sua transposição para o cinema acompanha a pretensão de agregar valor ao interesse da puberdade, para além de fantasias mela cuecas, mas sim para reflexões sobre seu meio através da sedução imagética. Jogos Vorazes: Em Chamas é um filmaço. Na trama, após vencerem o 74º Jogos Vorazes, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Mellatk (Josh Hutcherson) retornam ao Distrito 12 onde passam a viver na Vila dos Vitoriosos.
As vésperas da turnê pelos Distritos, o pseudo casal ainda não discutiu os acontecimentos do ano anterior, inclusive a relação desenvolvida entre os dois durante os Jogos. O que resulta num conflito emocional da protagonista com Gale (Liam Hemsworth). Ao mesmo tempo, rebeliões começam a tomar força em alguns Distritos devido à artimanha aprontada por Everdeen durante os Jogos. Para tanto, o Presidente Snow quer que Katniss convença o público de que está realmente apaixonada por Peeta. Como a situação está fugindo ao controle torna-se necessário mandar uma mensagem, o que leva a uma nova edição dos Jogos com antigos vencedores como tributos.
A entrada do diretor Francis Lawrence (do tenso Eu Sou a Lenda) faz da segunda parte da trilogia uma evolução banhada a urgência e controvérsia (através do conflito da protagonista) que deixa a narrativa em irresistível evolução dramática. O livro em si, já alimenta consequências dramáticas muito boas, que no filme alcança uma dimensão cênica entre a fragilidade e o ardor na figura da excelente Jennifer Lawrence, que consegue fazer de sua Katniss, um dos marcos modernos do cinema. A estética particular buscada no primeiro filme, é ampliada através de estilísticos figurinos da grife Alexandee McQueen e por uma direção de arte integradíssima à proposta do livro. Que Hollywood possa encontrar sempre atalhos mais inteligentes que ela, para fazer de seu mercado um prostíbulo no mínimo edificante para faixas etárias tão carentes de discursos para além de suas redes sociais. Recomendo muito!!!
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