O estrelato pop é almejado por um incontável número de aspirantes a artistas. Mas o preço a se pagar é alto e a maioria das pessoas que sonham fica alheia a isso e só se dá conta quando a coisa acontece. É sobre isso que se trata o filme francês “Rainhas do Drama”, estreia do diretor Alexis Langlois que mostra a ascensão e a queda de uma jovem diva pop com revestimento queer embalada em pop, punk e glitter.
A trama se passa em 2005, época de boy bands e estrelas pop como Britney Spears dominavam a cena musical. É nesse cenário que se encontra a cantora pop Mimi Madamour, que luta para alcançar o estrelato na música e mantém um relacionamento amoroso com a punk Billie Kohler. Alcançando seu objetivo, Mimi atingiu o pico, ao mesmo tempo que viu sua vida pessoal desmoronar, uma vez que a paixão que sentem uma pela outra foi contaminada pelo ódio, fruto do desejo pelos holofotes, o que as conduziu para uma rota de autodestruição.
O diretor abusa das cores vibrantes mesclando influências daquele período e de outros anteriores. As músicas grudam no ouvido e são muito melhores do que de muita estrela pop já ouvida. O roteiro que Langlois escreve juntamente com Carlotta Coco e Thomas Colineau se vale de bom humor e fina ironia para colocar o dedo na ferida do que de fato é a indústria da música, no que tange a seu potencial destrutivo e degradante. Mimi é moldada, sem perceber, para camuflar sua sexualidade para se colocar como um produto mais adequado ao consumo no mercado. O comportamento dos fãs também e mostrado com muito bom humor.
A dupla de protagonistas funciona no tom mais do que adequado. A empatia gerada pelas personagens é indiscutível. É impossível não torcer pelas duas, já que, por mais que sejam antagônicas, as razões de ambas são perfeitamente compreensíveis. Ponto para Louiza Aura e Nana Benamer, que constroem as protagonistas com bastante verdade. E ainda há Asia Argento fazendo uma curiosa participação especial.
“Rainhas do Drama” é um filme que já nasce cult. Langlois conta uma história que já foi vista inúmeras vezes tanto de forma totalmente ficcional quanto no formato de cinebiografia, só que de maneira autêntica. Inclusive, por falar nelas, o longa se sai muito melhor narrativamente do que várias cinebio sem alma e pouca fidelidade aos fatos. Às vezes a ficção é mesmo mais bem-sucedida do que os fatos reais. Inclusive a música.