Festival do Rio: A Invenção da Carne

Maria é uma mulher beirando os 40 anos que ganha a vida com seu corpo, seja fazendo programas ou se deixando ser objeto de estudo de estudantes de uma faculdade de medicina. Mateo é um estudante de medicina com muitos problemas afetivos que gosta de bebês e tem ataques de pânico recorrentes. O estudante vê na mulher a companheira ideal para uma longa viagem pelo interior do país, onde ele passará por várias cidades, dando assistência médica à famílias pobres de localidades afastadas. Ele a quer por perto somente pela companhia, ela é indiferente à seus desejos e objetivos, contanto que seja paga.

A premissa é interessante e daria muito pano para manga, mas fora a externalização de alguns dramas internos dos personagens, não passa muito disso. Não seria nenhum problema, fosse o filme bem realizado e tivesse objetivos minimamente concretos, mas vem de lugar algum e parte para o nada. Os bons personagens e atores se perdem numa narrativa chata e mal explorada.

É um filme para nos fazer parar com nossas vidas modernas e velozes demais, entrar na história como vouyers e observar uma complicada relação, mas não funciona bem assim. Cheio de silêncio e de ações subtendidas, o diretor argentino tentou criar um filme de sentimentos e compaixão, para que o espectador desenrole tudo em sua cabeça. Bonito no papel, arrastado e sonolento em uma sala de cinema.

Desconfio de qualquer filme que comece ao som de violinos tocando algum tema dramático”, foi o que anotei num papel em branco logo nos primeiros minutos de A Invenção da Carne, filme do argentino Santiago Loza. Infelizmente, meus temores se concretizaram e o filme não passa de uma grande masturbação artística, com alguns poucos méritos que não o salvam. Por coincidência, assisti ao filme logo após o interessantíssimo longa uruguaio Hiroshima. O filme do Uruguai tinha 9 pessoas entre o público, enquanto o argentino tinha sala cheia. Coisas de festival.

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