A complexa figura humana (!) de Michael Jackson sempre suscitará curiosidades e ainda renderá muitos filmes (e discos!) dada a dimensão violenta que o astro atinge no mundo desde seu surgimento. Bad 25 é um documentário em que o cultuado Spike Lee disseca e homenageia os 25 anos do lançamento do álbum Bad (1987). O ponto de partida para o documentário é focar no disco que seguiu o megalomaníaco Thriller. Após o sucesso de Off The Wall, seu primeiro disco adulto, de 1979, Michael Jackson tomou o mundo com Thriller (1982), o disco mais vendido de todos os tempos, o que alcançou para o músico o posto de maior estrela pop do mundo.
Como qualquer filme de Spike Lee não espere nenhum retrato sensacionalista do gênio da black music. Bad 25 propõe uma análise íntima sobre o nível de profissionalismo e envolvimento de Michael com sua arte, sob vários aspectos: seja político, social ou apenas humanitário. Todos os fatos envolvendo a produção de Bad, assim como a vida de Jackson no período são documentados aqui pelo diretor. Lee apresenta até depoimentos reveladores de Martin Scorsese, diretor do clipe de Bad.
Fica claro a impressionante visão que o ídolo tinha de sua carreira e como fazia para manejá-la ao ponto que chegou. Michael tinha um tino para além da música, indo de encontro ao audiovisual, ao comportamental e até ou sobrenatural (dada as esquisitices que alimentava em sua persona e o filme fala um pouco). A estrutura do documentário, que peca um pouco pelo tradicionalismo didático, vai remontando a produção de todos os clipes do álbum, com a equipe envolvida e a relação do astro com a música em si. Muitas curiosidades são exploradas (Sheryl Crow foi backing vocal da turnê do disco) e até para os entendidos de música e produção fonográfica, algumas informações podem despertar uma curiosidade para além de uma devoção ao cantor.
De uma forma geral, Bad 25 só reafirma o que o mundo perdeu em peso artístico com a morte de Michael. O preciosismo com que pensava e executava seu extremo e plural talento é algo que não se vê hoje em dia. E isso só fica claro quando Justin Bieber aparece para dar seu depoimento. No fundo, é importante Bieber aparecer ali. Lee não é bobo. O choque que essa participação causa vai além de uma escolha oportunista. Mas vai de encontro a particularidade de um mito que geração nenhuma vai ter a astúcia de recriar. Michael Jackson tornou tudo depois de si genérico. Menos a sua memória.
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