E o terceiro filme da Mostra Première Brasil do Festival do Rio 2014 enfim entusiasmou e até deixou grande parte da plateia lotada visivelmente emocionada. Ausência, novo filme de Chico Teixeira, do sensível A Casa de Alice (2007), como o próprio nome diz, é um filme sobre hiatos emocionais deixados pela ausência emocional. A trama narra a vida de Serginho (Matheus Fagundes, ótimo) um garoto de 15 anos que está em busca de um lugar no mundo. Com uma família disfuncional, abandonado pelo pai e tendo que assumir responsabilidades na família, dada a irresponsabilidade da mãe, Serginho trabalha numa feira livre com o tio e costuma visitar um amigo mais velho (Irandhir Santos) como que numa válvula de escape emocional que tanto carece.
O roteiro, do próprio diretor, com colaboração de César Turim e Sabina Anzuategui, explora a singeleza da dureza nesse retrato de um microcosmo periférico de São Paulo. E acampa uma reflexão sobre a inocência diante da sexualidade e da maturidade a qual somos submetidos quando saímos do contexto familiar (no sentido literal e figurado). Serginho tem uma curva dramática bem clara e comovente, e a câmera de Chico extrai melancolia desse acúmulo de ausências que se torna esse garoto. O cuidado e a sensibilidade ao tratar de temas tão delicados como a ambiguidade sexual, não são uma novidade no trato cinematográfico do diretor, e Ausência matura esse sua especialidade, resultando num filme que encontra beleza no silêncio perturbador.
nota 4
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