A reverência ao Cinema é basicamente a tônica dominante de O Fim de uma Era, mais um dos concorrentes ao prêmio Redentor, na Première Brasil do Festival do Rio 2014. Na verdade, o filme é uma reverência direta a clássica produtora setentista Belair, e os diretores, Bruno Safadi e Ricardo Pretti, já deixaram bem claro isso tanto na noite de apresentação do longa no Festival, quanto ao produzirem essa última parte do Projeto Sonia Silk, série de filmes de baixíssimo orçamento, e de feitura coletiva, antecedido por O Uivo da Gata e O Rio nos Pertence, ambos exibidos no mesmo Festival, ano passado.
O filme acompanha com elucubrações estéticas e narrativa em off as percepções afetivas de um triangulo amoroso formado pelas charmosas Mariana Ximenes e Leandra Leal, além de Jiddu Pinheiro. Isso se dá através da multiplicidade de vozes e um ideário de bastidores, quase que como numa metalinguagem.
Esse diálogo com os filmes da Belair imprime personalidade ao trabalho da dupla, rendendo cenas e momentos cênicos encantadores, principalmente do ponto de vista técnico. Mas O Fim de uma Era é encantador na proposta, sem estender esse mesmo encantamento para seu desenvolvimento como Cinema. Não que a estrutura experimental seja um problema como análise dramática, mas existe uma espécie de exagero conceitual na história que os diretores queriam transmitir, e o envolvimento de espectador vai se diluindo na primeira meia hora de um filme que nem é grande, mas que sua ousadia formal transforma em interminável. Que os diretores até continuem apostando no risco – como assim era o que propunha o legado da Belair – mas que a reverência ao Cinema não se reduza a uma auto reverência…
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