AcervoAmbrosiaCríticasFilmes

“Frank”: sem vergonha de ser indie, sem vergonha de ser psicológico

Compartilhe
Compartilhe

Frank é um filme sobre alter egos. Freud se divertiria com essa pretensão. Mas o que torna esse filme uma experiência tão efetivamente rica é o seu contexto musical. Há, permeando todo aquele estranhamento psicológico que define o protagonista escondido através de uma cabeça bizarra, uma aspereza indie que evita maiores sentimentalismos e torna tudo mais cool e resignado.

O roteiro é curiosamente baseado em uma história real. O humorista – já falecido – Chris Sievey, se valia de uma enorme máscara (de nome Frank Sedebottom) em todos os lugares onde se apresentava, e até na sua intimidade. Isso gerou um artigo, da qual, o filme é baseado. John Burroughs (Domhnall Gleeson) sonha em ser tecladista e compositor de uma grande banda. Um dia, um acidente lhe fornece a oportunidade de tocar em um grupo, liderado por Frank (Michael Fassbender). John fica fascinado com este vocalista, ao mesmo tempo generoso e estranho, e marcado por uma peculiaridade: ele nunca retira a sua gigantesca cabeça artificial. Logo, John, Frank e os outros membros do The Soronprfbs se isolam em uma cabana para experimentar novos sons, se conhecer e produzir o melhor álbum musical possível.

O roteiro expande a questão para além da esquisitice. O alter ego é o discurso da (busca?) de identidade de John, e por mais ilustrativa que a figura de Frank possa ser, é sobre a curva dramática desse ordinário cidadão que o filme mais faz sentido. A trupe que forma a banda, mimetiza alguns clichês de filmes do gênero, mas a figura de Maggie Gyllenhaal extrai desse estigma um contraponto interessante a romanização desse alter ego trabalhado. Michael Fassbender faz com o trabalho de corpo o que Scarlett Johansson fez com a voz no inesquecível Ela: torna o gesto uma representação orgânica do que quer dizer.

Frank é um filme de humor negro porque o nosso alter ego possui certa auto ironia que quando amplificada (numa tela grande) expõe o quão rico e medonho podemos ser, em nossas próprias personificações. E quando Frank e o filme tiram suas máscaras, entendemos perfeitamente do que Freud falava

Compartilhe

Comente!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sugeridos
FilmesNotíciasPremiações

The New York Times inclui ‘Ainda Estou Aqui’ nas apostas para Melhor Filme

O jornal The New York Times recentemente destacou o filme brasileiro “Ainda...

FilmesTrailersVideos

Superman – Reboot nos cinemas ganha aguardado trailer!

Superman, o icônico super-herói da DC Comics, está de volta ao cinema...

CríticasFilmes

Mufasa mostra o que poderia ter sido o “live-action” de O Rei Leão

“Mufasa: O Rei Leão” é já previsível manobra da Disney de continuar...

FilmesNotíciasPremiações

Oscar 2025: “Ainda Estou Aqui” aparece na pré-lista de Melhor Filme Internacional

O filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, foi anunciado...

CríticasFilmes

Kraven é a despedida melancólica do Sonyverso

Ninguém acreditava que “Kraven, O Caçador” seria qualquer coisa distinta do que...

CríticasSériesTV

Comando das Criaturas: sangue, humor e lágrimas

James Gunn deixa claro que o novo Universo DC está em boas...

CríticasGames

Edge of Sanity – assusta ou frustra?

Edge of Sanity é um jogo de terror psicológico em 2D que...