Fúria Primitiva, também conhecido como Monkey Man, causou grande expectativas com seu visual visceral e por mostrar uma Índia underground. O filme é dirigido por Dev Patel, que também atua como realizador e como o protagonista.
Na trama um seguimos um jovem rapaz que, libertado da prisão, busca vingança pelo assassinato de sua mão ocorrido anos antes por questões políticas numa sociedade corroída pela ganância corporativa e subversão dos valores morais.
Semelhante demais ao cinema de John Wick (chegando a brincar com isto), o filme segue suas ações contra aqueles que tiraram tudo dele anos atrás. Para isto o jovem se torna um lutador de rua destemido e se infiltra num mundo repleto de luxo e drogas, onde a elite de sua cidade aproveita a vida às custas do sofrimento e miséria alheio — algo bem comum no mundo atual, daí o apelo universal de Fúria Primitiva.
O ponto forte de Fúria Primitiva é sem dúvidas sua estética impressionante e as doses de ação, com cenas de luta brutais e coreografias de alto impacto visual. Ainda assim o filme busca retratar também questões sociais, políticas e religiosas, explorando os conflitos modernos da sociedade indiana. Patel, que ficou conhecido mundialmente com o filme Quem Quer Ser um Milionário?, explora muito bem a rica cultura da Índia — como acontece em Cidade de Deus com o Rio de Janeiro. Este é sem dúvidas o ponto alto do filme, que também busca nas mitologias asiáticas inspiração para traçar um paralelo da jornada do personagem com o lendário Rei Macaco.
Por outro lado o filme passa do ponto ao abusar da veracidade, com situações que claramente servem para extender a trama e criar uma reviravolta com o personagem. Em alguns momentos é difícil acreditar na narrativa, que pega o pior do cinema de ação de Hollywood para causar impacto — como por exemplo quando o protagonista invade o prẽdio onde estão as principais figuras polĩticas do paĩs e passsa meia hora brigando na mão com dezenas de segurança, sem que apareça uma arma de fogo ou policial para proteger a elite do paĩs. Pequenos detalhes que podem tornar o filme mais atrativo para um público jovem e sedento por violência visual, mas que acaba jogando um balde de água fria nas pretenções épicas do filme (que poderia chegar lá).
Fúria Primitiva vale pelo deleite visual de explorar uma sociedade distinta nas ruas de Mumbai, onde violência e redenção se entrelaçam pela jornada do herói.