Há filmes que, independente de sua qualidade artística, devem ser assistidos por todos, principalmente quando se tratam de documentários sobre assuntos ambientais, economia e educação. Claro que há filmes manipulativos e apelativos, mas um certo número desses filmes deveria se tornar obrigatório em escolas e universidades. Não que contenham dogmas e sejam 100% incontestáveis, mas que levantam questões e são a base para ótimas discussões. Esse é o caso de Gasland, um documentário que não chama atenção por suas qualidades cinematográficas (apesar de ter algumas), mas pelo assunto tratado.
Josh Fox é um diretor de cinema pouco expressivo que cresceu, foi criado e vive numa área preservada por lei no estado da Pensylvania. Há alguns anos, uma proposta de US$100.000 lhe foi feita para o arrendamento de sua propriedade por uma companhia de extração de gás natural. Antes de assinar, porém, Josh procurou os donos de outras propriedades nos Estados Unidos que aceitaram a mesma proposta, e o que ele encontrou e documentou não foi nada bonito.
Os primeiros 10 minutos do filme já são uma pequena aula, mostrando a importância da extração de gás natural para a economia americana, assim como os danos ambientais irreversíveis causados. Cada escavação injeta aproximadamente 495 químicos – alguns altamente inflamáveis, outros totalmente desconhecidos e confidenciais – em lençois de água que abastecem cidades inteiras e se misturam com rios e lagos. Por onde passa, Josh encontra pessoas doentes, animais perdendo pelos, terra morta e, acreditem, água que pega fogo.
O grande problema é que ninguém está fazendo nada à respeito disso, e os cidadãos não tem a quem recorrer. Acontece que o ex-vice presidente Dick Cheney foi o CEO de uma dessas grandes empresas de extração de gás nos anos 90 e, logo que chegou ao poder, conseguiu com que essas empresas passassem por cima de toda e qualquer lei ambiental para garantir essas extrações.
Josh Fox tem um grande tema e uma grande investigação nas mãos, mas comete o erro de se achar um bom personagem central para ligar todas as histórias e depoimentos. Ao chegar na segunda metade do filme, sua narrativa e os depoimentos se tornam um pouco cansativos e repetitivos, mas nada disso torna o documentário menos interessante, até por que o rapaz tem algum talento para contar histórias. E a cada parada, uma tragédia pessoal ou comunitária pior que a outra.
O preço do progresso é alto demais, e isso não está acontecendo apenas nos Estados Unidos.
[xrr rating=3/5]
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Esse foi o artigo de número 6000 do Ambrosia 😀