Há uma tendência recorrente em parte do chamado “cinema pipoca” norte americano que investe no (aparente) tutano dramatúrgico, em roteiros banhados de ambiguidade. Há os que subvertem essa pretenção (como o ótimo A Origem), e os que constrangem o expectador (como o tenebroso Transcendente). Golpe Duplo caminha por um outro tipo de ambiguidade, mais atrelado a forma “Onze Homens e Um Segredo” de manipulação dramática. E tem um elenco carismático – Will Smith, Margot Robbie e Rodrigo Santoro – que segura até suas (poucas) imperfeições.
A história segue um trapaceiro profissional (Will) que começa a treinar uma novata na profissão (Margot), até os dois se apaixonarem. Ao mesmo tempo, o sujeito tem que lidar com um importante adversário, dono de uma empresa de carros (Santoro), que entra na jogada profissional, só não se sabendo se como vítima, ou algoz.
O jogo de cena imposto nessa arena de impostores se estende até seu juízo de valor. A trama tem uma primeira parte bem azeitada, onde a apresentação dos personagens une o charme de uma New York reluzente com a esperteza de manipulação que poder haver nas relações que nela surgem. Entretanto, lá pelo meio da narrativa, o roteiro parece descambar pelo romance vil e quando começamos a achar que a receita desandou, percebemos que fomos enganados pela própria história. Essa habilidade dos diretores Glen Ficarra e John Requa, legitimam sua história. Sem pretenção e com muita noção de seduzir pelo entretenimento…
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