Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1: o fim de uma era

Os Dursley despedem-se da rua dos Alfeneiros, embora não entendam bem o porquê. Hermione apaga a memória de seus pais, e sua imagem desaparece das fotografias. Rony contempla o vazio enquanto a Sra. Weasley e Gina estão na casa. Harry visita seu armário debaixo da escada pela última vez, Hermione pega sua bolsa mágica e sai. Assim começa Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1. As lágrimas já começam a rolar, principalmente para aqueles a quem J.K. Rowling[bb] dedicou a parte final da saga: os que ficaram com Harry até o fim. Aqui estamos.

Quem leu o livro não tem o que reclamar: os diálogos são nitidamente iguais aos da obra. A cena em que Voldemort mata uma professora de Hogwarts e pede a varinha de Lúcio Malfoy é meticulosamente semelhante ao livro. Snape está perfeito, embora o auge da personagem esteja só na segunda parte.

Harry precisa encontrar as horcruxes, que são pedaços da alma de Voldemort encerradas em diversos objetos. A pista que eles seguem é o medalhão que foi encontrado na sexta parte da saga, O Enigma do Príncipe. A partir daí, o trio sai em busca  desses objetos para destruí-los.

O filme está longe de ser monótono. É quase impossível tirar os olhos da tela. Os acontecimentos se desenrolam na mesma ordem do que na obra literária. Esse é, definitivamente, um filme para fãs.

Assim como o hobbit Frodo, de O Senhor dos Anéis, teve que carregar o Um Anel em volta do próprio pescoço, o que lhe ocasionava pesadelos terríveis, os três amigos também têm que se confrontar com seus próprios medos ao usar o medalhão de Slytherin. Rony é o mais suscetível a eles, e vê seus temores serem cada vez mais amplificados. Entre eles, o de que Harry e Hermione ficam juntos (sim, eles se beijam, mas só na imaginação do ruivo).

Como nada é perfeito, há alguns foras no roteiro: Lupin não revela a Harry que Tonks está grávida; o olho de Moody não é retirado da porta de Umbridge; o trio não vê a tiara de Rowena Ravenclaw na casa dos Lovegood. E o mais importante: muitos personagens falam o tempo todo o nome de Voldemort, o que é proibitivo no livro. Ainda assim, destaco a parte em que Hermione conta a história das Relíquias da Morte, que foi mostrada em forma de animação. Ficou muito bem construída.

É importante ressaltar as atuações dos atores, principalmente do trio. Daniel Radcliffe consegue expressar toda a melancolia do personagem que interpreta há dez anos. Rupert Grint se superou e já é considerado novo Leonardo DiCaprio. É por causa dele que toda a obra se torna mais leve, já que ele nunca foi de levar as coisas muito a sério. O que me parece é que ele passou por cursos sérios de atuação, embora sua participação em Cherrybomb já tivesse me convencido de que ele veio para ficar. Emma Watson, que em um ato de libertação da personagem cortou os cabelos bem curtos, assume toda a responsabilidade de ser a guarda-costas dos garotos, a melhor em feitiços e o ponto de equilíbrio para manter a calma em um momento de tanto estresse.

Se nos identificamos tanto com Harry Potter[bb], é porque para muitos de nós ele marcou os melhores anos de nossas vidas. Encontramos na obra de J.K. Rowling as respostas para os nossos próprios problemas. Cada fã se relaciona com a obra de forma pessoal, escolhendo seus personagens, cenas e lutas preferidas. Impossível não se emocionar. Agora só nos resta esperar mais seis meses pelo desfecho final dessa saga que fez parte da vida de milhares de pessoas, de todas as idades.

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