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“Heleno” cristaliza o mito, mas não aprofunda o homem

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A vida do craque de futebol Heleno de Freitas é tão impressionante que parece ficção. Sua habilidade no campo, suas afetações deslumbradas e a forma como (mal) conduziu a vida pessoal são, em geral, um clichê real, mas que demorou bastante para ganhar as telas.

O diretor José Henrique Fonseca pautou sua produção na derrocada pessoal do jogador, que fez sucesso com a camisa do Botafogo na década de 40 e se notabilizou também por sua conturbada vida fora dos gramados, com relacionamentos problemáticos com mulheres, excessos de bebida e um temperamento que o tornava um sujeito quase impossível de se lidar.

Tecnicamente, Heleno é uma maravilha aos nossos olhos. A fotografia em p/b de Walter Carvalho ilustra muito bem o glamour da época retratada, assim como a direção de arte assertiva e de bom gosto. Entretanto, o roteiro de Felipe BragançaFernando Castets e do próprio José Henrique Fonseca não acampa todas as complexidades da personalidade de Heleno, principalmente por se resumir a ser um recorte de sua fase. O que não seria um problema se isso fosse a partir de um aprofundamento, de como foi a infância, de onde viria seu deslumbramento e sua difícil relação com as mulheres… Até mesmo sua marcante performance nos gramados é mostrada de modo muito superficial. Ou seja, na busca por reforçar o mito, esqueceram do homem.

Ainda assim, Fonseca fez um filme melhor que o anterior (o burocrático O Homem do Ano) e Rodrigo Santoro está perfeito ao se desglamourizar em nome de seu papel. É gritante que houve um extenso trabalho de composição, principalmente quando equilibra a racionalidade com os devaneios no ápice da degradação que o jogador se encontrou no fim da vida. Sem o precioso trabalho de Santoro, o filme seria apenas uma maquiagem mítica de um homem.

[xrr rating=2.5/5]

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