Este com certeza vai ser o jeito que este filme será conhecido pelo mundo a partir de agora e somente a citação do nome de Abrams irá fazer dinheiro fluir pelas paredes porque onde quer que ele passe, tudo vira ouro, é algo inacreditável de se conceber, mas é verdade.
Quando foi publicado que Abrams iria reiniciar a franquia de Jornada nas Estrelas do zero, com a mesma tripulação da série original, muitos ficaram totalmente céticos e alguns chegaram a pensar que seria mais um capítulo do Apocalipse Nerd. Porém, nenhum destes medos se concretizou e o que se pode assistir nos cinemas desde sexta-feira, 8 de maio de 2009, é um recomeço, uma nova forma de ver o universo de Jornada nas Estrelas, de uma forma que não feriu o cânone sagrado dos trekkies. Quer dizer, não totalmente.
Algumas mudanças tiveram de ser feita para que esta nova antiga tripulação pudesse começar sua jornada no comando da majestosa Enterprise. Todas essas mudanças, se não foram tão necessárias, vão ter seu devido lugar nas histórias futuras que provavelmente serão contadas e com certeza, mostrarão que nada é imutável no universo de Jornada, especialmente depois que nos últimos anos, foi cada vez mais fácil aceitar que viagem no tempo era uma coisa comum na série.
Falar da história do filme, sem ao menos, soltar um ou outro spoiler, é quase impossível, porém, tudo o que ocorre no filme é facilmente presumível e saber de tais fatos não tira qualquer diversão. Porém eu não pretendo me prender aos detalhes da história em favor da dinâmica deste texto. Basicamente a origem da primeira tripulação da Enterprise é recontada, especialmente devido as mudanças que motivam Kirk, originalmente inspirado pelo pai que foi um grande capitão da frota e agora, devido a chegada de Nero, pela morte do pai que morreu para salvar Kirk que estava nascendo, sua mãe e mais 800 tripulantes da USS Kelvin.
A rebeldia de Kirk cria novas asas, desde a fuga de casa com o carro do padrasto (que vimos no trailer em versão curta), até a insubordinação perante a Frota. Após o sequestro do Capitão Pike e sua nomeação como primeiro oficial (abaixo de Spock), podemos explorar melhor a motivação tanto de Spock quanto de Kirk, especialmente após (SPOILER) a destruição do Planeta Vulcano.
Após isso, o que se vê é o desdobramento do conflito dos dois e o nascimento da amizade que ficou eternizada no seriado e nos filmes.
Viu?! Poucos spoilers. Antes de entrar no que foi bom no filme, eu quero falar do ruim. E o ruim tem o nome de Eric Bana e seu personagem, Nero. Infelizmente, as motivações que levam Nero a fazer o que faz no filme são mal explicadas e seus sentimentos em relação a sua raça e família são meramente raspadas. Para piorar, Eric Bana está pior a cada dia que passa, a falta de expressões faciais faz dele um novo Nicholas Cage (definição dada por um amigo meu). Esse foi meu grande problema com o filme, a falta de profundidade do vilão e de expressão do ator.
A nave Enterprise, ganhou um visual mais retro, mas ao mesmo tempo, mais imponente. Ou seja, ela ficou linda. Uma coisa que eu achei legal foi que a área de engenharia da nave parecia mais um reator nuclear comum do que aquelas coisas high tech usadas anteriormente. Ficou um ar mais realista no local, porque, convenhemos, uma área de engenharia dificilmente se mantém limpa. A ponte de comando ficou menor, mas ao mesmo tempo, parece ser bem mais prática do que as anteriores em razão da proximidade entre os tripulantes.
O elenco de apoio formado por Zoe Saldana (Uhura), Anton Yelchin (Chekov), John Cho (Sulu) e Simon Pegg (Scotty) faz seu papel e dá total suporte para os três principais, recriando aquela química vista no seriado original. Pegg, acima de todos, é o que melhor incorporou o personagem, praticamente sendo o Scotty original (James Doohan), até nos trejeitos e piadas.
Agora, quanto a Chris Pine, Zachary Quinto e Karl Urban, só me resta elogiar fantasticamente por recriarem, mas, ao mesmo tempo, inserirem um pouco de si nos personagens que eram originalmente de William Shatner, Leonard Nimoy e DeForest Kelley. Além da semelhança física, o jeito de falar e de se expressar ficou perfeito, especialmente Urban, que, apesar de ser maior que DeForest Kelley, conseguia se expressar do mesmo jeito que o ator, mostrando versatilidade. A amizade dos três fatalmente será ponto chave no próximo filme, pois, afinal, era uma das coisas mais legais na série original.
Como eu já imaginava, as batalhas espaciais sofreram mais uma evolução, agora sim, assemelhando-se a uma guerra no espaço. A nave de Nero usa e abusa de mísseis contra seus inimigos, a Enterprise e outras naves da federação ganharam uma série de mini canhões usados tanto para destruir os mísseis quanto disparar salvas contra a nave inimiga. É quase um retorno ao princípio da batalha naval, mas com muito mais ação.
Eu ainda não quero me atentar aos comos e porques das teorias criadas para que o franchise pudesse ser reinicializado, mas, fatalmente iremos fazer um post específicamente sobre isso, talvez a seis mãos, para tentarmos definir todas as teorias e fatos que levaram a este belo filme.
P.S.: A cena final com o Spock velho falando a já manjada frase: “Espaço, a fronteira final…” com a música da série original rolando nos créditos foi demais.
Até lá, vida longa e próspera a esta nova empreitada deste franchise que cativa milhões de pessoas por todo o mundo.
J.R. Dib