A velha história do anti-herói que vira herói ganhou nova maquiagem. Basicamente, Hancock é uma aventura de arrependimento em que Will Smith interpreta um ser criado por alguém que tem super poderes mas os usa de forma desajustada, destruindo propriedades e não sabendo cuidar das coisas e pessoas que tem de salvar, sem contar que ele no começo não passa de um bêbado errático, arremessando crianças, carros e baleias a torto e direito.
A única coisa que poderia atrair no filme é o twist envolvendo a personagem da sul-africana Charlize Theron (que deve ter recebido muito bem para se submeter a um filme desses).
A maior prova que o filme é ruim é que ele se encurta demais, não se explora as idéias centrais demais apresentadas durante o filme e muita informação fica jogada ao ar. Eu até queria lançar alguns spoilers aqui e deixar o povo que vai assistir P da vida, mas eu penso que filmes como esse você deve ir assistir para falar:
“É, esse filme merece passar na Sessão da Tarde!”
Porque é exatamente isso que ele é, um daqueles filmes que a Globo irá lançar a famosa vinheta:
“Tem muita confusão na Sessão da Tarde, quando Will Smith é um herói que causa mais destruição do que salvação.”
É isso que eu vi. Um filme de Sessão da Tarde e que, originalmente, se chamava, “Tonight, He Comes” e tinha uma cena, que supostamente foi filmada e retirada na mesa de edição, em que Hancock, saia com uma moça para práticas sexuais e pedia para a moça retirar o instrumento dele de dentro dela antes dele ejacular a fim de evitar sua morte. O que se via após a ejaculação, no script, era um quarto coberto de sêmen, inclusive a moça.
Esse filme, até aquele momento, era uma comédia escrachada que até em seu título tinha conotação sexual (o verbo “to come” significa, no duplo sentido, ejacular). Hancock era mais escroto e o filme era para ter uma censura de no mínimo 16 anos.
Outra falha cabal neste filme é a falta de um vilão sólido. Afinal, alegar que o herói é o vilão ao mesmo tempo, causa um desconforto no público, afinal eles não tem por quem torcer. Semana que vem estréia Batman: O Cavaleiro das Trevas e com certeza veremos um exemplo claro de filme em que herói e vilão se contra balanceiam perfeitamente. Agora, chamar aquele mequetrefe que tenta matar ele no final de vilão é piada.
O único que se salva neste rolo todo é Jason Bateman, que faz o RP de Hancock e em todas as cenas que aparece tem algo de diferente dos outros atores, é como se ele estivesse a fim de fazer aquilo e os outros estivessem se esforçando pelo que tinham de fazer.
Não sei mais o que falar, afinal de contas, o filme com um começo promissor (destruição em massa e, quem sabe, cenas politicamente incorretas), um meio que eu suspeito, forçado pela escolha de censura e um fim horrível, com um vilão escroto, ou melhor, não tem vilão, porque este “vilão” não tem nem mão e nem carisma, ou seja, um filme tolo.
Pena que gastaram tanto dinheiro com isso.
J.R. Dib