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“Kung Fu Panda 3” cumpre o objetivo de apenas divertir

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Desde que foi lançada a sua primeira parte, em 2008, “Kung Fu Panda” se tornou uma das principais franquias da Dreamworks Animation, perdendo em popularidade apenas para o ogro “Shrek”.

Afinal, a ideia já nasceu vencedora pela sua proposta inusitada: colocar um animal que desperta uma tremenda empatia entre crianças e adultos como protagonista de tramas com muita ação e cenas de artes marciais, apesar de estar (naturalmente) fora da forma física ideal, gerando muitas situações que levam o público às gargalhadas. Além disso, o urso Po dá um banho de carisma e facilmente conquista o público dos 8 aos 80 anos.

Após uma ótima continuação que deu o ar da graça em 2011, “Kung Fu Panda 3” chega aos cinemas cinco anos depois, com algumas boas piadas e, como esperado, uma ótima parte técnica. No entanto, embora mantenha o bom nível da série, não traz nada de muito inovador como animação.

Na história, Po já está bem confortável como o Dragão Guerreiro e continua a lutar ao lado dos Cinco Furiosos (Tigresa, Macaco, Víbora, Louva-a-Deus e Garça) para proteger o seu povoado. Mas, um dia, ele acaba conhecendo, Li, o seu verdadeiro pai, que pede para que o filho o acompanhe até o Paraíso Secreto dos Pandas, para o desespero do pai ganso de Po, Sr. Ping.

Curioso em conhecer mais sobre suas origens, Po aceita viajar com Li e, após chegar ao seu destino, passa a ter contato com outros ursos, como a graciosa Mei Mei. Só que o surgimento de Kai, um antigo e perigoso guerreiro sobrenatural, que é capaz de absorver a energia vital dos seus adversários (conhecida como Chi), deixa Po bastante preocupado porque ele deseja dominar todos os mestre das artes marciais da China e está em seu encalço. Assim, o Dragão Guerreiro decide contar com a ajuda de seus novos e desajeitados “irmãos” para derrotar o misterioso inimigo.

Como nos filmes anteriores, “Kung Fu Panda 3” tem um ótimo acabamento visual, em que a equipe comandada por Jennifer Yuh (diretora da segunda parte) e Alessandro Carloni faz um belo contraste entre a animação computadorizada (cada vez mais detalhista, onde dá para ver melhor os pelos e as imperfeições nos personagens) e a tradicional, especialmente nos momentos de “flashback” da trama e os backgrounds dos cenários, com uma paleta de cores bem interessante.

As cenas de lutas são bem ágeis e divertidas, especialmente no terço final da história, o que certamente agradará o grande público.

Mas desta vez, os realizadores capricharam um pouco mais no suspense, algo inusitado para uma animação mais voltada para crianças. O vilão Kai é bem mais ameaçador do que o pavão Shen, visto na parte 2, o que dá mais a sensação de perigo que os protagonistas têm que enfrentar.

Tudo tratado dentro de um limite que não assuste nem traumatize os pequeninos espectadores.

O grande porém de “Kung Fu Panda 3” é que, mesmo com tantos méritos, o filme não decola totalmente e dá a impressão que todos os envolvidos se deram por satisfeitos em ficar na zona de conforto já estabelecido na franquia. Temos diversas piadas em relação ao peso do protagonista (e dos novos personagens), algo já visto anteriormente, além das questões de Po em superar seus limites numa tarefa que parece impossível porque ele não parece adequado para ela, também já explorado.

Mas o filme vai, com certeza, deixar muita gente com um sorriso no rosto, especialmente nas cenas em que os pais de Po disputam a atenção do filho. O roteiro de Jonathan Aibel e Glenn Berger é bem feliz nestes momentos, mas poderia ser um pouco mais criativo. Do jeito que ficou, deu para o gasto, mas só isso.

Uma coisa que vale ressaltar é que, infelizmente, a maioria das sessões do filme no Brasil serão dubladas em português e o público será privado de ouvir as vozes de atores e atrizes como Jack Black (Po), Angelina Jolie (Tigresa), Dustin Hoffman (Mestre Shifu), Seth Rogen (Louva-a-Deus), Lucy Liu (Víbora), Jackie Chan (Macaco) e David Cross (Garça), além de Bryan Cranston (Li), J.K. Simmons (Kai), Kate Hudson (Mei Mei) e Jean-Claude Van Damme (Mestre Crocodilo). Na versão brasileira, Lucio Mauro Filho volta a fazer um ótimo trabalho, que ajuda a tornar o protagonista ainda mais cativante. Os outros dubladores também estão muito bem.

“Kung Fu Panda 3” pode ser a última história do Dragão Guerreiro mais comilão e divertido para o cinema, já que esgota praticamente toda a trama do personagem. Mas as chances de Po e seus amigos voltarem para a telona são grandes, já que a questão econômica da franquia pesa bastante. Se parar por aqui, já estará de bom tamanho. Mas se continuar, é bom que a Dreamworks não faça o que fez com “Shrek”, que acabou totalmente esgotado com sequências desnecessárias. Por enquanto, o jeito é curtir essa produção despreocupadamente, como são todas as boas sessões da tarde.

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