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Mercenários da Galáxias: diversão espacial ao melhor estilo Corman

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Dos muitos filmes que Roger Corman (1926) produziu, Mercenários das Galáxias (Battle Beyond the Stars, 1980) é uma alegre improbabilidade e sem dúvida uma das mais gloriosas. Quando Star Wars chegou ao cinema em 1977, a ficção científica foi elevada do gueto de filmes B de baixo orçamento de uma forma que 2001: Uma Odisséia no Espaço e Planeta dos Macacos tentaram fazer e não conseguiram.

Embora tivesse belíssimos visuais, alegorias humanistas e reflexões profundas sobre o significado do homem, faltava-lhes a ação de um grande filme de Flash Gordon dos anos 1940. Star Wars mostrou que as pessoas iriam se divertir muito, e a corrida começou para a próxima década. Nos anos que se seguiram, com Star Trek conquistando o mercado de alta tecnologia e o Battlestar Galactica original prendendo o público da TV.

Battle Beyond the Stars marcou com seu estilo de imitação barata de Guerra nas Estrelas e é desse filme que iremos analisar a seguir.

Dirigido por Jimmy T. Murakami (1933-2004), que veio de um campo de concentração americano para cidadãos de origem japonesa, com um elenco que trazia John Saxon (1936-2020), Richard Thomas (1951), Robert Vaughn (1932-2016), George Peppard (1928-1994) e Sybil Danning (1947), uma equipe de B- clássicos do cinema), com atrilha sonora de James Horner (1953-2015), efeitos especiais do gênio primitivo de James Cameron (então Jim Cameron) e roteiro do próprio John Sayles (1950), Mercenários das Galáxias é daqueles filmes de tão estranhos e indescritíveis que deixam sua marca, um buraco negro de bom senso cuja narrativa, por mais fino que seja, é baseado em Star Wars, Sete Homens e Um Destino e Seven Samurai de Akira Kurosawa.

Para completar, o planeta ameaçado por vis bandidos espaciais se chama Akir e seus habitantes têm o apelido de “Akira”. Dados que mesmo inverossímeis resumem uma das equações mais divertidas da época, puro produto de um período em que fazer cinema de série B muitas vezes significava ficar juntos, pagar salários uns aos outros e aprender o que ainda não sabíam.

Dessa forma, a “escola Corman”, apelidada por muitos artesãos do cinema (entre eles Bogdanovich, Nicholson, Scorsese), continua a encantar devido à sua abordagem criativa, centrada na exploração de contrapontos e na habilidade de alcançar o máximo impacto com orçamentos mínimos. Contudo, neste projeto específico, Corman optou por romper com sua tradição de manter orçamentos abaixo de US$ 1 milhão, embarcando em uma ousada jornada espacial.

Esse empreendimento representou uma valiosa oportunidade para os novos profissionais de Hollywood refinarem suas habilidades, como James Cameron a chance de experimentar efeitos especiais que mais tarde seriam reutilizados em suas produções, além de estabelecer conexões com o produtor com quem colaboraria anos depois em seu icônico “Exterminador do Futuro”.

BATTLE BEYOND THE STARS, 1980. © New World Pictures

Seguindo Wally Wood, com o seu “nunca crie algo que você possa roubar”, Corman e Sayles optaram por reinterpretar o enredo de Sete Homens eum Destino (que por sua vez adaptou o enredo de “Os Sete Samurais”) e transportá-lo para o cenário espacial. Se você já se deparou com obras como “Sete Samurais”, “Sete Magníficos”, “Vida de Inseto”, “Rebel Moon” ou qualquer outra variação dessa narrativa, a trama aqui lhe será familiar.

O filme apresenta a história de um jovem agricultor chamado Shad, cujo planeta pacífico, Akir, enfrenta a ameaça iminente do tirano Sador. Para salvar seu povo indefeso, Shad embarca em uma jornada intergaláctica em busca de guerreiros habilidosos que possam ajudá-lo a resistir à invasão iminente de Sador. Ao longo de sua jornada, ele recruta um eclético grupo de especialistas, cada um com suas habilidades únicas e personalidades distintas.

Deixando de lado as muitas pessoas ainda não famosas nos bastidores e as muitas pessoas quase famosas ou outrora famosas na frente das câmeras, o que torna Battle Beyond the Stars o clássico do gênero que é? Acredito que a forma mais apropriada de expressar isso é afirmar que o filme superou as expectativas. Diante de um conceito ambicioso e um orçamento modesto, a expectativa era que o filme atingisse um nível mínimo de diversão e permanecesse fiel à essência da história dos Sete Samurais. Contudo, os realizadores não apenas atingiram essa meta básica, mas ultrapassaram-na consideravelmente, infundindo charme ao longo de todo o percurso.

Ao incorporar referências a ícones da cultura pop (como a participação crucial de Marta Kristen, a irmã mais velha de Perdidos no Espaço, desempenhando um papel fundamental como um dos Akira) e brincar com os tropos mais conhecidos (como escalar Robert Vaughan exatamente como o mesmo personagem que interpretou em Sete Homens e Um Destino), a produção conseguiu transcender a simplicidade esperada, elevando o filme a um outro nível. Mesmo que os corredores da nave sejam construídos com embalagens do McDonald’s pintados, o filme não deixa transparecer uma aparência particularmente barata. Cada dólar do orçamento está visivelmente refletido na tela, sendo empregado de maneira eficaz.

James Cameron, mesmo diante das limitações da época em que os efeitos computacionais ainda estavam, conseguiu realizar efeitos impressionantes. Sua habilidade em maximizar os recursos disponíveis é evidente, contribuindo para a qualidade visual do filme. Em suma, Mercenários das Galáxias não só superou as expectativas financeiras e técnicas, mas também proporcionou uma experiência cinematográfica enriquecedora que vai além do simples entretenimento.

É um filme importante? Não. É um ótimo filme? Talvez, dependendo de como você define seus termos e do que você considera grandeza. Corman era inteligente o suficiente para saber que não poderia competir com Star Wars na área de batalhas espaciais deslumbrantes, mas sabia que poderia criar personagens envolventes com um orçamento limitado, e ele o fez. A pura imaginação exibida no grupo heterogêneo de possíveis salvadores do mundo é impressionante e os personagens são memoráveis.

Homenagem póstuma: Earl Boen (1941-2023)

Earl Boen, ator americano conhecido por sua atuação em vários filmes, séries, animaçõe se video-games, morreu aos 81 anos, no dia 05 de janeiro. De acordo com o site da revista “Variey”, um amigo do ator afirma que Boen tinha sido diagnosticado com câncer de pulmão de estágio 4 em 2022. Earl Boen nasceu em 8 de agosto de 1941 em Nova York, nos EUA. Ele deixa a sua mulher Cathy, a filha Ruby e os dois netos Kimmy Abaricia e Kimo Harbin.

Com uma carreira de anos na TV e no cinema, que começou nos anos 1970, ele ainda esteve em filmes como “Como eliminar seu chefe” (1980) e em diversas séries como Mulher Maravilha, M*A*S*H, Buck Rogers, Ilha da Fantasia, Punk – A levada da breca, Seinfeld e Um maluco no pedaço. Aqui em Mercenários das Galáxias (1980) personificou Nestor 1, um membro de uma raça de clones inteligentes que formam um único ser.

Em O Exterminador do Futuro (1984), O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final (1991) e O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas (2003) Boen interpretou o psicólogo criminal Dr. Peter Silberman, que interroga Kyle Reese (Michael Biehn) e que depois cuida da instituição psiquiátrica onde Sarah Connor (Linda Hamilton) fica internada.

Além de trabalhos como dublador em animações (o Taurus em Comandos em Ação, Rhino, o capanga do Ventíloquo em Batman e Liga da Justiça) ele também atuou em games. Nos últimos anos, gravou participações em diversas expansões de “World of Warcraft”.

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Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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