Faleceu na tarde desse sábado no Rio de Janeiro o dramaturgo, ator, escritor e cineasta Domingos Oliveira. Ele morreu em casa, aos 82 anos.
Nascido em 28 de setembro de 1936, Domingos era formado em engenharia mas nunca exerceu a profissão, pois encontrou sua paixão nas artes. O curso que fez com um diretor da escola americana de teatro Actor’s Studio foi determinante para essa guinada em sua vida. Entrou para a Globo em 1963, para cuidar da programação da emissora que estrearia dois anos depois. Nos anos 1970, integrou a equipe de autores de séries de sucesso.
Domingos foi uma das maiores referências no teatro e no cinema. Lançou em 1966 o longa “Todas as Mulheres do Mundo”, que tinha Leila Diniz (com quem foi casado entre 1962 e 1965), sucesso de público e crítica (feito raro no Brasil na época). O filme ganhou um remake para a TV em 1990, que tinha Fernanda Torres e Pedro Cardoso nos papéis vividos por Leila e Paulo José.
Ficou 20 anos sem filmar, retornando em 1998 com “Amores”, baseado em sua peça homônima. Inclusive alguns de seus filmes dos anos 2000 foram adaptações de sua profícua produção teatral nos anos 90 – época em que assumiu a direção do Teatro do Planetário, onde colocou em cartaz diversas peças escritas ou dirigidas por ele. Dessa fase saíram sucessos premiados como “Separações” e “Todo Mundo tem Problemas Sexuais”, escrita em parceria com o psicanalista Alberto Goldin. Ambos foram para o cinema (em 2002 e 2008, respectivamente).
No início da década de 90 dirigiu a peça escrita por sua filha, Maria Mariana, “Confissões de Adolescente”, que se tornou um grande sucesso, marcando uma geração de jovens que não tinham hábito de ir ao teatro e eram atraídos pelo texto que esclarecia de maneira natural temas da adolescência que na época ainda eram tabus, como virgindade, gravidez precoce e primeira vez.
Seu último filme foi “Barata Ribeiro 716”, de 2016, uma típica obra “dominguiana”: protagonizada por um alter ego (interpretado por Caio Blat) e versando sobre o amor e questões existenciais, mas sempre com tempero do humor. Essas características narrativas fizeram com que ficasse conhecido como o “Woody Allen brasileiro”.
Domingos era um “filósofo do amor”, como bem definiu Maitê Proença ao se pronunciar sobre a morte do dramaturgo, dizendo que “ele falava do sentimento sem em momento algum parecer piegas”. Uma de suas obras que abordam essa mescla de amor, filosofia e humor com profundidade é Apocalipse Segundo Domingos Oliveira, que ficou em cartaz em 2009, e lançou jovens talentos como Sophie Charlotte, Gregório Duvivier e Mateus Souza.
Domingos Oliveira faleceu em seu quarto, após se queixar de sono e cansaço, segundo informação da viúva Priscila Rozenbaum. Ele sofria de Mal de Parkinson há uma década, encontrava-se bastante debilitado, mas continuava criando.
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