Na Mente do Demônio, um conto de terror não tão bem realizado

Com Na Mente do Demônio (Demonic, 2021), disponível na Prime Video, o aclamado diretor Neill Blomkamp nos traz uma história de possessões demoníacas com conotações futuristas. Depois de ficar conhecido com várias produções de ficção científica, muda o estilo e experimenta o terror, neste novo projeto. Com boas expectativas, o diretor do surpreendente Elysium (2013) ou o cativante Chappie (2015), mergulha totalmente no gênero diabólico com essa história sombria e repleta de vileza. Embora o resultado geral esteja longe de ser satisfatório.

SINOPSE: Uma jovem solta demônios aterrorizantes quando forças sobrenaturais na raiz de uma divisão de décadas entre mãe e filha são implacavelmente reveladas.

Análise

Já se passaram treze anos desde que um estreante e jovem cineasta da Africa do Sul chegou com uma obra surpreendente que, com o passar do tempo, se tornaria uma obra de culto; estamos falando, de Distrito 9 (2009), porém em Na Mente do Demônio não o encontramos. Blomkamp toca o terror por um caminho conhecido que segue arquétipos e, menos confortavelmente, estereótipos de possessões e as lutas contra os demônios internos, tomando o mal sobrenatural como ponto de partida.

Há ideias interessantes, mas se turvam na execução e perdem o ímpeto quando misturadas entre si, fazem com que a visualização não decaia até a catástrofe e se mantenha na linha de um tipo de cinema muito procedimental: a integração da tecnologia, e seu uso do contexto de “simulação” dentro do imaginário de possessões demoníacas serve como uma premissa para o todo.

Um filme que pega algumas ideias poderosas daqui e dali, mas que tem dificuldade em encontrar um lugar próprio para brilhar naturalmente.

Do ponto de vista da trama, o filme traz a história de Carly que foi contatada por alguns cientistas; uma jovem com um passado conturbado que tenta esquecer, chamada para se comunicar com sua mãe, uma mulher que está presa há anos por crimes terríveis. Sofrendo da síndrome do encarceramento – uma doença na qual a paciente está totalmente inconsciente, mas não consegue mover seu corpo – e por meio de uma técnica que os cientistas chamam de “simulação” ela consegue sair daquele encarceramento

Essa integração que o filme de Blomkamp traz, sobre o conceito de realidade em si mesmo,  num estilo de um videogame, como estivéssemos numa adaptação de The Sims (EA) não decola. A adoção da foto de câmera isométrica é uma boa ideia, mas que acaba sendo ingênua demais na sua execução para serem consideradas únicas.

Por outro lado, o elenco é formado por atores pouco reconhecidos internacionalmente, embora experientes na TV e em papéis coadjuvantes. Certamente Carly Pope, Michael J. Rogers e Terry Chen tentam ser convincentes e contribuir para dar à proposta um aspecto mais credível.

O drama dos personagens que apresenta, funciona a um nível muito primário, onde o problema entre mãe e filha, o conflito que existe na relação, tem uma resolução, entretanto não convida à empatia nem adota um sentimento que emocionalmente possa vincular o espectador à obra.

O filme parece mais um estudo, que tem dificuldade em encontrar um lugar próprio para brilhar naturalmente. Uma proposta onde a óbvia falta de orçamento vem à tona, certamente seria outro, mas mesmo com o nome de Blomkamp a frente do projeto, o filme não realiza o mesmo nível exposto em suas criações anteriores. No mais, filme totalmente dispensável.

Nota: Ruim – 1,5 de 5 estrelas

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