Nem Tom Cruise inspiradíssimo salva “Rock of Ages” do barulhento desastre

Ao sair da sessão de Rock of Ages, num cinema da Barra da Tijuca (Rio), ouvi de um casal que saia a minha frente o seguinte diálogo:

– Não acredito que você me fez ver essa porcaria!

– Amor, achei que fosse legal… Pô, teoricamente é um filme de rock…

– É um filme para criança de 3 anos de idade, isso sim!

O diálogo (real) sintetiza muito bem a sensação de quem sai de uma sessão do recente musical de Adam Shankman. Aliás, é uma desagradável surpresa a piada (de mal gosto) que o filme é, sendo dirigido pelo mesmo diretor que fez o competente Hairspray, teoricamente, um musical muito mais complexo e difícil de alinhavar. Rock of Ages é um emaranhado de clichês, com diálogos e situações sofríveis e tudo de uma caretice que só depõe contra o espírito de seu (suposto) discurso.

A trama conta a história de uma garota do interior (Julianne Hough) que vai para Los Angeles em busca do sonho de se tornar uma cantora. Tudo parece lindo e maravilhoso, até que a menina chega em frente ao famoso bar The Bourbon Room e tem seus discos roubados. Isso a coloca no caminho de Drew Boley (o Rebelde (!) Diego Boneta, com carisma zero), que a ajuda a arrumar emprego no local. Claro que em algum momento, o casal esbarrará com o roqueiro-ícone Stacee Jaxx (Tom Cruise, arrasador) que, de alguma forma, os ajudarão a chegar ao estrelato.

Com boas releituras de clássicos do rock, o filme parece ser apenas um barulhento espaço para fazer cenas-clipes dessas canções. Não há nenhum esforço de construir uma trama convincente ou apenas com diálogos espirituosos (algo que o gênero, tanto do filme quanto de sua boa trilha evoca). Personagens são jogados em meio a canções (a vilã de Catherine Zeta-Jones é mero fantoche de situação na “história” e Mary J. Blige… Bem, estou até agora tentando compreender o porquê dela no filme, além de mesclar um pouco de black music na sopa rock de tudo) e situações são no mínimo, ridículas como o desabrochar gay dos personagens de Alec Baldwin e Russell Brand. 

É uma pena que um filme que contenha a melhor performance de Tom Cruise em anos (merece indicação a prêmios), seja assim. Tom adentra ao poço de caricatura do filme, mas se sai perfeitamente bem ao compor seu performático e bizarro astro do rock. Inclusive é até irônico vê-lo tão iconoclasta (até sua bunda aparece) num personagem tão pretensamente icônico. Pois trata-se de uma exceção em meio ao desastre (a fraca bilheteria endossando…) que o musical resulta, só amplificado pelos altíssimos decibéis.

[xrr rating=1.5/5]

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