Criada por Helen Fielding, a britânica Bridget Jones alcançou um enorme sucesso mundial graças aos livros “O Diário de Bridget Jones”, “Bridget Jones: No Limite da Razão” e “Bridget Jones: Louca Pelo Garoto”. Os dois primeiros foram adaptados, em 2001 e 2004, respectivamente, para o cinema, consagrando de vez a personagem e sua intérprete, a americana Renée Zellweger, que conseguiu a proeza de se tornar a “cara” de Bridget e ser aprovada pelos fãs das publicações.
Durante muito tempo, surgiram rumores de uma possível terceira parte, que acabou sendo adiada. Mas, 12 anos depois, eis que a (agora) quarentona ressurge em “O Bebê de Bridget Jones” (“Bridget Jones’s Baby”, 2016), que traz de volta Zellweger e boa parte do elenco original de volta, mostrando as novas desventuras da personagem com novos (e inesperados) problemas, de uma maneira bem divertida e com a mesma capacidade de se comunicar com o grande público, especialmente o feminino, já mostrada nos dois capítulos anteriores.
Agora com mais de 40 anos, Bridget (Renée Zellweger) não briga mais com a balança nem se sente insegura em relação à profissão, já que se tornou uma respeitável produtora de TV no telejornal onde sempre trabalhou. Além disso, ela vive cercada de bons amigos, como a jornalista Miranda (Sarah Solemani), o gerente de academia Tom (James Callis) e Shazza (Sally Phillips), que se tornou mãe e ficou um pouco mais calma (em relação aos outros filmes).
Bridget também se orgulha de ter uma boa relação com Mark Darcy (Colin Firth), mesmo que seu romance não tenha dado certo. Só que, após passar seu aniversário sozinha porque seus companheiros ficaram ocupados com diversos afazeres, ela sente que precisa fazer algo diferente na vida. É, então, que aceita ir a um festival de música com Miranda para tentar se divertir.
Lá, ela acaba conhecendo o bilionário Jack Qwart (Patrick Dempsey) e passa a noite com ele. Tempos depois, numa festa, Bridget reencontra Mark e também dorme com o ex-namorado. O que ela não esperava é que, logo em seguida, começasse a passar mal e um teste comprovaria os seus temores: Bridget Jones está grávida! Mas tem um pequeno porém, que ela terá que descobrir: Qual dos dois é o pai da criança?Sem, praticamente, nenhuma relação com o terceiro livro, “O Bebê de Bridget Jones” é uma divertida comédia romântica, que faz o público rir das confusões que a protagonista cria ao ter de lidar com a gravidez e com os malabarismos que acaba tendo que fazer em relação aos dois possíveis pais. Ao mesmo tempo, Mark e Jack acabam travando um combate para ver quem fica com Bridget e quem seria um bom pai para a criança que vem aí, também gerando situações hilárias. As melhores partes, porém, ficam com as cenas envolvendo a futura mãe e sua ginecologista, a Dra. Rawlins (Emma Thompson, também co-autora do roteiro, ao lado de Helen Fielding e Dan Mazer), que usa muita ironia durante os exames, especialmente quando surgem Mark e Jack em seu consultório.
A diretora Sharon Maguire, que fez o primeiro filme da série e volta à franquia, prova que sabe conduzir bem uma comédia, extraindo dos atores boas atuações que os tornam engraçados sem soarem forçados, e dando um ritmo agradável à produção. Um dos seus méritos é não usar, na maioria das vezes, o maniqueísmo para que o público torça por um dos homens que disputam o amor (e o bebê) de Bridget.
O roteiro também ajuda a deixar novos e velhos personagens (como os pais da protagonista) bem carismáticos, e consegue fazer rir de situações atuais que têm acontecido no mundo, como na parte em que Mark defende um grupo de moças claramente inspirado nas manifestantes do Femen. Embora não seja nada inovador em sua forma e estrutura, o texto torna a história bastante simpática, arranjando até um motivo divertido para a ausência de Hugh Grant, que viveu o canalha sedutor Daniel Cleaver, que mexeu com o coração da mocinha no passado.
De volta a um dos papéis mais marcantes de sua carreira, Renée Zellweger continua a cativar o público, mostrando que nasceu para interpretar Bridget Jones. No entanto, o excesso de tratamentos estéticos no rosto comprometeu seriamente suas expressões faciais, não deixando que sua atuação soe tão natural quanto nos filmes anteriores. Para piorar, o filme faz uma sequência de flashback, tornando a comparação inevitável e desfavorável para a atriz. Mas, mesmo assim, o espectador pode relevar esse detalhe e até curtir as novas desventuras de Bridget.
Colin Firth também está mais do que confortável como o certinho Mark Darcy e consegue transmitir bem o que sente pela ex-namorada. Patrick Dempsey, o “novato” do elenco, não se sai mal como Jack e usa bem os truques de sedução que desenvolveu depois de anos como o “muso” da série de TV “Grey’s Anatomy”, tornando o “rival” de Mark um cara simpático. Além de Emma Thompson, vale destacar também a veterana Gemma Jones, bastante engraçada como a mãe de Bridget, que resolve entrar para a política. Jim Broadbent, como seu marido, tem pouco tempo de cena, mas continua a marcar presença como um ator sensacional.
Com um gancho para uma possível quarta parte e uma bem bolada ponta do cantor Ed Sheeran, “O Bebê de Bridget Jones” vai agradar quem estiver procurando um passatempo leve e simples, que faça rir e esquecer dos problemas por um pouco mais de duas horas. O filme pode não ser um dos mais memoráveis do ano, mas cumpre o objetivo de divertir e vai agradar os fãs da nova mamãe do pedaço, que ainda consegue criar uma identidade com muitas mulheres, de várias idades, grávidas ou não.
Filme: O Bebê de Bridget Jones (Bridget Jones’s Baby)
Direção: Sharon Maguire
Elenco: Renée Zellweger, Colin Firth, Patrick Dempsey, Emma Thompson
Gênero: Comédia Romântica
País: Reino Unido/Irlanda/França/EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Universal Pictures
Classificação: 12 anos