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O Lobisomem

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A refilmagem do clássico de 1941 estrelado por Lon Chaney Jr. ganhou grandiosidade, ação e violência gráfica que fazem deste filme um bom thriller de horror que irá satisfazer as platéias. Porém, antes de começar a falar do filme em si, é melhor começar pelo projeto.

Talvez este seja um dos filmes mais problemáticos dos últimos anos. Para se ter uma idéia, a data inicial de lançamento era em meados de 2007, porém, devido a problemas para achar um diretor que substituisse Mark Romanek que saiu ainda em fase de aprovação do orçamento, o filme foi ficando para trás, até ser lançado com quase 3 anos de atraso desde seu anúncio oficial.

Benicio Del Toro interpreta Lawrence Talbot, o filho mais velho de John Talbot (Anthony Hopkins), que volta a sua terra natal na Inglaterra depois de muitos anos, quando seu irmão é assassinado na floresta ao redor da cidade. Entendam, estamos em uma Inglaterra no ápice de Revolução Industrial e o campo ainda é um lugar assustador, muito mais focalizado nos mitos do que na lei dos homens. É nisso que temos que focalizar ao assistirmos o filme.

O mito do Lobisomem é muito antigo, datando de citações no Antigo Testamento na bíblia e é mais relacionado ao mito bíblico de Daniel que temos todos os medos dos moradores do vilarejo de Blackmoor. Porém, vemos uma maior ligação com a lenda pagã do que com a bíblica em si. Mas, vamos manter a parte da mitologia em aberto a discussões mais abaixo.

Logo que Lawrence volta, ele resolve investigar por si o que houve com o irmão a pedido de Gwen, a noiva deste (a bela Emily Blunt), e isso o leva ao acampamento cigano que está perto da cidade, em plena noite de Lua Cheia. Quando ele descobre alguns fatos sobre o caso, o Lobisomem ataca novamente e ele acaba sendo ferido mortalmente no pescoço. Uma cigana o salva, mas isso significa que a maldição do Lobisomem irá se manifestar nele na próxima Lua Cheia. Enquanto isso, a Scotland Yard manda o detetive Abberline (Hugo Weaving) para investigar o caso. Abberline foi o mesmo que investigou as mortes de Jack, O Estripador e isso é citado durante o filme.

A partir daí, a trama se desenrola vendo um pouco o lado psicológico do personagem de Del Toro, bem como a relação entre a maldição e seu estado mental. Analisando-se o filme como um todo, ele me parece mais uma homenagem ao original de 1941 do que um remake. Eu digo isso em razão de que, apesar das semelhanças nas histórias, estas divergem em diversos pontos, ampliando-se o original em diversos aspectos, normalmente nem sempre necessariamente.

Uma das críticas que eu gostaria de fazer ao filme é o aparente descomprometimento de Del Toro em algumas cenas. Não sei se foi de propósito ou não, mas via-se claramente uma falta de expressão facial ao melhor estilo Nicholas Cage. Talvez ele achasse que seria interessante não atuar demais sem a maquiagem para depois, quando maquiado, ele pudesse interpretar melhor as emoções sem falar. Só sei que não ficou tão legal quanto deveria ser. Falando na maquiagem, ela foi feita pelo mestre Rick Baker e é uma perfeita homenagem ao original, o qual foi um dos filmes que o fez trabalhar com efeitos especiais.

Voltando à mitologia ao redor do lobisomem, o filme nos mostra que em verdade, aquele lobisomem em específico é vítima de outro lobisomem que o contamina ao mordê-lo e, ao morder Lawrence, ele passa a maldição para ele também. Porém, algumas motivações do Lobisomem nunca são claramente reveladas ou, quando feitas, aparentemente tem um caráter um tanto quanto tênue de argumentação.

Em dado momento do filme, um já vitimado Lawrence é levado a um hospício e submetido a “tratamentos” para sua licantropia, que é reconhecida como uma doença mental em que a pessoa acredita que está se transformando em um monstro, motivo pelo qual ela tende a matar indiscriminadamente

Alguns fatos interessantes que só a parte de trívia do IMDB nos fornece é que os uivos do Lobisomem durante o filme foram feitos por diversos cantores famosos, entre eles Gene Simmons do KISS e Dave Lee Roth do Van Halen.

Falando ainda da parte técnica, este talvez seja um filme que os fãs da Marvel queiram ver, afinal, o diretor Joe Johnston é o diretor do filme do Capitão América. Uma coisa eu posso dizer, visualmente falando o filme é perfeito. Toda ambientação gótica necessária a um filme de Lobisomens foi devidamente criada por ele e pela equipe de direção de arte. O que já é um ponto mais que favorável quando se trata de um filme como o do Capitão que irá se passar em sua grande parte nos anos de 1940.

Ainda falando dos filmes da Marvel, a atriz Emily Blunt estava gravando este filme quando foi contatada pela equipe de John Favreau para ser a Viúva Negra, porém, como ela tinha um contrato com a Fox para filmas o remake das Viagens de Gulliver, ela teve de abandonar o filme, dando espaço para sua substituição por Scarlett Johansonn.

Por fim, a bela trilha sonora de Danny Elfman cria a ambientação perfeita, e só de saber que por semanas a trilha não foi substituida por uma trilha impostas pela Universal que era basicamente só rock pauleira, demonstra-se que o diretor e mais alguns produtores tem bom senso.

Vale a pena ir assistir, mas com restrições quanto a história e a atuação de Del Toro que não me convenceu inteiramente, apesar de gostar demais de quase todos os papéis que ele já fez.

J.R. Dib

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