Insurgente, segunda parte da trilogia literária Divergente (da autora Veronica Roth), traz consigo nessa nova adaptação cinematográfica, dois pesos e duas medidas de seu próprio universo. Primeiro que já é bem curioso o fato dos estúdio do filme parecer não confiar plenamente no produto que tem em mãos: colocou nos incansáveis trailers todas as cenas importantes de sua história. Dito isso, ao mesmo tempo em que a trama avança de maneira curiosa sobre sua abordagem distópica do mundo (com direito a provocação com a mídia), sua engenhosidade revela que a proposta carece de certa sustância dramática, já que a jornada da protagonista Tris (a gracinha da Shailene Woodley) parece não fazer tanto sentido quanto aparenta.
A história mostra Tris á procura de respostas, e junto com Quatro (Theo James), vira uma fugitiva, ferozmente procurada pela lacônica Jeanine (Kate Winsley, desperdiçada), líder da Erudição e ainda mais focada em se manter no poder. Essa busca da protagonista se justifica pela urgência em descobrir por que seus pais sacrificaram suas vidas no filme anterior. Com a substituição do diretor do primeiro longa – Neil Burger – por Robert Schwentke, percebe-se um apuro fotográfico maior e uma afeição nítida às cenas de ação (muito bem realizadas, por sinal). Com essa troca, veio junto o roteirista Akiva Goldsman (trabalhando junto com Brian Duffield e Mark Bomback), que, como percebemos em seus trabalhos (Uma Mente Brilhante, Um Conto do Destino), tem uma visão dramática de seus filmes notadamente burocrática. É por isso que Insurgente por vezes não consegue dimensionar seu discurso e vira uma ficção quase pretensiosa demais para a pouca história que tem. Seus dois pesos pendem justamente para seu caráter cretino frente as boas possibilidades que a história oferece. A terceira parte, claro, será dividida em duas, e como aconteceu com as outras franquias (Alguém disse Jogos Vorazes?) vai ser sumariamente diluída. Entre o que é e o que deseja ser, Insurgente fica pelo meio do caminho.