Enquanto o furacão Sandy atraía todas as atenções do mundo para os estados da costa leste dos Estados Unidos, os olhos do mundo nerd se voltavam para a costa oeste, pois ali, estava sendo selado um dos maiores negócios da história do showbiz: a LucasFilm de George Lucas foi vendida para a Disney e no mesmo dia foi anunciado que uma nova trilogia Star Wars será produzida. Trata-se dos episódios VII, VIII e IX que sempre ouvimos falar, mas George Lucas sempre dizia não existirem. Ninguém nunca engoliu. Ainda mais que depois do Episódio III, Lucas deu uma resposta diferente quando perguntado a respeito dos episódios finais, dizendo que se fossem feitos não seriam por ele. Há alguns anos, um espião afirmara ter estado na Lucasfilm e garantiu já estar havendo reuniões sobre a futura trilogia. Muita gente não deu bola, uma vez que a fonte foi tida como não muito segura.
Agora é oficial. Todos saíram ganhando: Lucas agora pode descansar, sem o peso nos ombros que carregou durante 35 anos em administrar um verdadeiro universo, além de ouvir criticas (muitas delas pertinentes) às suas mudanças nos filmes originais e a seus equívocos criativos nos mais recentes. A Disney por sua vez tem nas mãos aquilo que sempre desejou em segredo. Mais ou menos como o sujeito que cobiça a mulher do vizinho, ela se separa e aí então ele tem sua chance. A Disney a portas fechadas se rasgou de ódio ao ver o sucesso do filme de Lucas em 1977, o filme família que eles queriam ter feito e que gerou o merchandising que até então era sua exclusividade. Tron: Uma Odisséia Eletrônica nada mais foi do que uma tentativa do estúdio de ter o seu Star Wars. Já nos anos 2000, vendo o sucesso de Harry Potter e O Senhor dos Anéis, a Disney investiu todas as suas fichas para ter uma franquia infanto-juvenil de peso. Com posse dos direitos da obra de C.S. Lewis, o estúdio levou para as telonas As Crônicas de Nárnia, mas o sucesso cogitado não veio. O filme teve boa renda, mas muito abaixo do esperado, ou seja, não se equiparou a Harry Potter nem a O Senhor dos Anéis. Após o fracasso do segundo episódio, O Príncipe Cáspio (por uma estratégia de lançamento equivocada: o filme foi lançado no verão de 2008 entre Homem de Ferro e Indiana Jones, quando o mais acertado seria lançá-lo no final do ano), a Disney passou o abacaxi para a Fox, em compensação, adquiriu a Marvel Studios, que seria sua galinha dos ovos de ouro nos anos vindouros.
Para os fãs, bom, para esses nem precisa dizer que a vinda dos novos episódios foi comemorada, ainda mais com as notícias de que George Lucas não dirigirá (sua falta de mão para a direção de atores foi um dos pontos baixoas da última trilogia), será apenas um consultor criativo e Lawrence Kasdan, roteirista de O Império Contra-Ataca, se encarregará da caneta dos episódios VIII e IX. Mas, o que esperar dessa nova trilogia?
Uma coisa já fora adiantada: não se tratará de uma adaptação de Herdeiros do Império. Nada criado como universo expandido será aproveitado, talvez alguma referência ou easter egg, uma vez que ao que tudo indica, a Lucasfilm está jogando para agradar em cheio aos fãs, e é sabido o quão forte a mitologia do universo expandido se tornou, uma vez que não havia muitas esperanças de que os rumos futuros de Luke e Cia fossem mostrados na tela.
Ainda se trata de especulação, porém se espalhou na internet que o próximo episódio se passará trinta anos após os eventos de O Retorno de Jedi, já que o trio de atores protagonistas da trilogia clássica estará de volta. A idéia básica não deve fugir muito do que fora concebido por Lucas ainda nos anos setenta: mostrar Luke reconstruindo a ordem dos cavaleiros jedi na nova república presidida pela Princesa Lea. Os heróis seriam um jovem jedi (talvez filho de Lea e Han Solo), Luke como mentor, fazendo as vezes de Qui Gon em Episódio I ou Obi Wan em Uma Nova Esperança, uma jovem heroína de personalidade forte, tradição da saga, podendo ser a filha de Lea ou mesmo uma padawan de Luke. E um alívio cômico que todos torcemos para que seja C3PO e R2D2, e não um novo personagem engraçadinho como JarJar Binks. A Lucasfilm não correrá esse risco outra vez.
Han, Lea e Lando (Billy Dee Williams também voltará) terão importância na trama, mas não deverão se envolver diretamente na ação. No máximo um deles será seqüestrado, ou posto em perigo. A incógnita maior está do lado dos vilões. Qual seria a ameaça à nova República e à nova ordem dos cavaleiros jedi? Para fazer frente a um jedi somente um sith. O Imperador pode ter escapado da morte certa no final de O Retorno de Jedi; ou pode ter treinado um novo aprendiz em segredo, antevendo sua morte e a de Darth Vader (siths também têm dom da premonição), ou, quem sabe um vilão inteiramente novo. Ah, claro, e ainda há os remanescentes do império que certamente tentarão se reerguer. Mas o maior desafio dos novos filmes será criar um vilão tão marcante e impactante quanto Darth Vader, personagem ícone da série. Quase conseguiram com Dart Maul, o grande problema era que o personagem fora ultra subaproveitado. E nos filmes da trilogia próloga havia a vantagem de contar com a sombra de Vader na forma de Anakin; estava sendo mostrado ali como aquele jovem se tornaria um dos maiores vilões da história do cinema. Agora ele provavelmente aparecerá apenas em espírito, assim como Yoda e Obi Wan Kenobi, um Alec Guiness digital; se fizeram de forma convincente Arnold Schwarzenegger em Exterminador do Futuro: A Salvação e um rejuvenecido Jeff Bridges em Tron: O Legado, não vejo empecilho em trazer Alec Guiness de volta.
Bom, podem até criar um bolão de apostas sobre o que o jornalista que vos escreve acertou ou errou, mas o que se tem certeza é que daqui até o dia 23 de maio de 2015 (já estou até chutando a data com base no dia de lançamento de todos os filmes da saga) muita água vai rolar; primeira imagem amadora do set, primeira imagem oficial do set, primeiro trailer e muita informação, exatamente como há 15 anos, só um pouco mais intensa devido ao aprimoramento da própria internet, que fora, ainda que de forma rudimentar, uma das maiores fontes de noticias do Episódio I.
E agora é esperar para ver mais uma vez no cinema a frase A long time ago in a galaxy far far away… Só que desta vez, precedido pelo castelo da Bela Adormecida e não mais pela imponente 20th Century Fox Fanfare.