Ele está de volta: o menininho francês mais amado do cinema contemporâneo! Depois do sucesso de “O Pequeno Nicolau” (2009) e “As Férias do Pequeno Nicolau” (2014), ambos baseados no famoso personagem da literatura infanto-juvenil francesa, chegou a hora de contar uma aventura inédita com Nicolau e seus amigos.
Nicolau (Ilan Debrabant) tem seu grupo de amigos inseparáveis, “Os Invencíveis”, mas a integridade do grupo se vê ameaçada quando o pai de Nicolau é nomeado diretor de uma empresa em uma cidade distante. Depois de tentativas frustradas de desmoralizar o pai frente ao patrão, Nicolau tem um novo plano: se encontrar o tesouro do viking Olaf, o Caolho, a família teria dinheiro suficiente e não precisaria se mudar.
Além de Nicolau, os outros Invencíveis também merecem destaque: Geoffrey, o riquinho, Alceu, o esfomeado, Clotário, o que não é esperto, Rufino, o filho do guarda de trânsito, Agnaldo, o que usa óculos. Eles podem ser definidos por apenas uma característica, mas são personagens simpáticos que só adicionam delicadeza e calor humano ao filme.
Entendemos a necessidade de trocar os atores mirins de um filme para o outro – afinal, crianças crescem – mas é uma pena que a dupla de atores que interpretou os pais do pequeno Nicolau nos dois outros filmes não seja a mesma em O Tesouro do Pequeno Nicolau. Quem faz falta é Kad Merad e sua veia cômica, sendo substituído sem muito brilhantismo por Jean-Paul Rouve, diretor, roteirista e protagonista do recente Lola e seus Irmãos. Por outro lado, Audrey Lamy vai bem como a mãe de Nicolau, adicionando comicidade ao papel. Outra boa adição ao elenco foi Noémie Lvovsky como a professora durona da escola de Nicolau.
A presença de duas professoras cria um contraponto interessante e faz um questionamento sobre a profissão: vale mais ser durona e tratar a educação como punição ou criar uma relação de confiança com os pequenos alunos? Esta subtrama surpreende e agrada aos mais velhos, do mesmo modo que há a subtrama de um eclipse para agradar aos mais novos, e assim os 103 minutos de projeção não se tornam maçantes.
Os criadores do personagem, René Goscinny e Jean-Jacques Sempé, publicaram a primeira aventura do garotinho em 1956, e nunca imaginaram que ele se tornaria, meio século depois, uma estrela de cinema. O personagem surgiu numa tirinha publicada numa revista belga entre 1956 e 1958. Seu primeiro livro saiu em 1960, e cinco volumes foram publicados pela dupla. Além dos filmes, o pequeno Nicolau também virou desenho animado em 2011.
O produtor do filme é Olivier Delbosc, que já produziu diversas obras do cineasta François Ozon e filmes tão díspares quanto a cinebiografia Renoir (2012) e a comédia dramática Esperando Bojangles (2022). A grande mente criativa por trás de O Tesouro do Pequeno Nicolau é o diretor e roteirista Julien Rappeneau, que teve lançado recentemente a comédia Meu Filho é um Craque. Uma estrela – por trás das câmeras – em ascensão no cinema francês, Rappeneau optou por deixar de lado o modo episódico que construía as aventuras de Nicolau nos livros, justificando-se:
“Eu queria que os personagens participassem de uma aventura original, repleta de surpresas e reviravoltas. Os personagens, no entanto, continuam bastante fiéis ao que são nos livros em espírito e tom. Foi um pouco ousado de minha parte, mas creio que é necessário um pouco de ousadia quando se embarca num projeto assim.”
A ousadia de Rappeneau compensou: O Tesouro do Pequeno Nicolau está à altura dos filmes anteriores, e traz muita diversão para todos que escolhem acompanhar mais esta aventura nas salas de cinema.
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