Indicado a duas estatuetas – oscar de melhor ator para Denzel Washington e melhor roteiro original para John Gatins –, “O voo” tenta tratar com leveza um tema que poderia render um bom drama protagonizado por Denzel. No entanto, o diretor Robert Zemeckis, que possui uma produção um tanto diversificada (De Volta Para o Futuro, Forrest Gump, Náufrago, entre outros), recorre a um gênero que beira a comédia “besteirol” americana. John Goodman, sempre hilário, pouco sobressai como a personagem Harling Mays, amigo de Whip e seu fornecedor direto de cocaína.
Whip é um piloto de avião viciado em drogas e bebidas. A despeito de seu constante envolvimento com cocaína e álcool, fica evidente sua competência profissional ao aterrissar um avião em pane com mais de duzentas pessoas a bordo, alcoolizado, numa cena cômico-ridícula. A partir de então, questiona-se que o acidente possa ter ocorrido por falha humana diante da possível embriaguez do piloto. Ainda que o exame toxicológico tenha sido tecnicamente invalidado, o prosseguir da investigação resulta na descoberta de duas garrafas de vodca no banheiro da cabine de comando.
Apesar do evidente desajuste social causado pela sua dependência, ele fica em “denial” a maior parte do filme em que recusa ajuda e tratamento. Sua família é afetada, amigos, emprego e, por fim, é sua própria liberdade que está em jogo, pois corre o risco de ser condenado à prisão perpétua sob a acusação de pilotar uma aeronave comercial sob efeito de drogas.
O problema da dependência química só é tratado com seriedade nos minutos finais do filme, em que o desfecho pode decepcionar muitos espectadores desejosos de ver o herói-pícaro se safando com mais uma de suas façanhas.
Denzel Washington não deixa a desejar em sua interpretação – como era de se esperar do ator, já ganhador de duas estatuetas – num filme que está muito aquém de suas capacidades dramatúrgicas.
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