A comédia, ou melhor, o humor no cinema nacional segue a mesma fórmula há anos. E assim como as produções da Rede Globo está entupido de atores globais, o que não é tão diferente, ou melhor, tem diferença sim, pois a qualidade vem caindo dia após dia e está se tornando uma extensão de humorísticos como Zorra Total e A Praça é Nossa.
“Odeio o Dia dos Namorados” não é uma exceção, mas, um grande exemplo desta regra disposta acima. A começar pelo início do próprio filme, com um número musical hollywoodiano, nos mesmos moldes do humorístico dos sábados a noite. Isso já deveria ser esperado a partir do momento em que o filme é escrito por Paulo Cursino (roteirista de seriados globais como “Sob Nova Direção” e “A Grande Família” e filmes como “De Pernas para o Ar 2”) e dirigido pelo desperdiçado Roberto Santucci, que depois de um início de carreira promissor com “Bellini e a Esfinge” e “Olé – Um Movie Cabra da Peste”, seguiu para fazer filmes para a Globo, claramente em busca de melhores salários para pagar suas contas.
Não há qualquer originalidade na história de “amor” contada por Débora (Heloisa Périssé, no mesmo papel de sempre) é uma mulher moderna que odeia qualquer tipo de relacionamentos e só pensa em sua carreira. Desde sua recusa ao pedido de casamento que Heitor (Daniel Boaventura, no mesmo papel de sempre), sua vida tem sido apenas o trabalho e um ou outro caso que dura uma noite. Em dado momento do filme, Débora tem a chance de rever seu passado e começa a pensar onde foi que ela errou.
A única salvação do filme são o seus amigos. Um deles é Gilberto (Marcelo Saback) que faz as vezes de guia espiritual no caminho pela reconciliação com sua própria vida, e que tem as melhores falas e atuação entre todo o elenco. Ainda como nota especial, não nego que comecei a gargalhar quando o personagem vivido por Charles Paraventi dá um pontapé em uma tela de computador e tem um surto.
E ressalto a aparição de MV Bill como o policial Tonhão, talvez sendo um dos extras melhor escalados e com a melhor atuação. O restante do elenco, lotado de figurantes globais mostra que, quando não se está fazendo Zorra Total ou qualquer humorístico menor, os atores são encostados no departamento de cinema da produtora.
No aspecto técnico, o departamento de “defeitos especiais” conseguiu bater recordes em falta de qualidade nos padrões Globo. Primeiro, pela cena em que Débora está voando em câmera lenta e seu rosto se movendo normalmente para conversar com Gilberto. Percebe-se que houve uma péssima sincronia entre som e movimento dos lábios. E as muitas explosões e batidas feitas só para gastar um pouco com pirotecnia, lembram e muito as novelas da Globo e assim sendo primam pela péssima qualidade.
Um típico filme feito para o mercado de dvds e depois para a grade de programação do canal com direito a muitas reprises. Especialmente quando chegar o seu já famoso e anual “Festival Nacional”, que passa as quartas no fim de ano quando não se tem jogos de futebol.
A receita das bilheterias vai vir, o filme vai se pagar e ter um lucro e se bobear é o que todos os envolvidos precisam para pedir mais dinheiro e fazer mais filmes que serão esquecidos em uma questão de dias. Se a Globo insiste em fazer filmes para a TV, que os lance em sua grade de programação e evite atrapalhar o público com esse humor genérico.