Bryan Singer e Tom Cruise se uniram em Operação Valquíria (Valkyrie) no momento em que ambas carreiras estavam postas a prova, Tom Cruise havia sido chutado da Paramount após Missão Impossível 3 e as polêmicas envolvendo sua religiosidade, já Singer havia fracassado completamente no intragável Superman Returns. O resultado é Operação Valquíria, um filme que deveria ser o renascimento das estrelas, mas que se tornou uma piada chata.
Antes que me acusem de somente falar mal do filme, preciso dizer que Operação Valquíria pode valer como documentário caso consigam uma versão dublada em alemão, pois a retratação história da época é bastante fiel. Só que aceitar o sotaque americano de Cruise no nazista alemão de tapa-olho Claus von Stauffenberg não rola, tampouco a mistura de outros sotaques americanos com ingleses e claro, outros alemães…
A sensação que o filme transmite é que estamos vendo a versão nazista de Top Gun, o mais famoso personagem de Tom Cruise nos cinemas, e isto não somente pelo sotaque de Tom Cruise, mas principalmente também pela falta de veracidade na retratação do personagem histórico. Stauffenberg em Operação Valquíria é retratado como o “bom moço” alemão que quer provar ao mundo que a Alemanha também possui pessoas boas, um verdadeiro herói americano que não compartilha da filosofia nazista. Pena que isso não é verdade.
Stauffenberg foi um aristocrata de família tradicional no sul da Alemanha, ele participou da Segunda Guerra desde a ocupação polonesa até o fechamento do cerco em Berlim. Um dos pontos chaves do personagem era o fato de ser fervorosamente católico, algo que é quase que ignorado no filme e que na realidade foi o principal motivo do ter levado para resistência germânica e ao golpe de 20 de julho. Mas quem precisa de fidelidade? Melhor apagar os defeitos e mostrar um combatente da liberdade.
E aproveitando que estamos falando de história, vale lembrar que o famoso desembarque na Normandia ocorreu dia 6 de junho de 1944, mais de um mês antes do atentado nazista que se tornou motivo para o filme. Mas este é somente outro detalhe quase esquecido pelos roteiristas Christopher McQuarrie e Nathan Alexander.
Agora se vocês acham que isso foi o pior do filme podem se surpreender, não foi. Aonde o filme realmente pecou foi na abordagem de Bryan Singer para a narrativa. Operação Valquíria é enlatado como um suspense de guerra, o que não faz nenhum sentido já que sabemos todos que o atentado não deu em nada. Posso dizer que são raros os momentos onde o filme realmente consegue empolgar como Singer gostaria, na maior parte do tempo fica aquela sensação de rever “O Sexto Sentido”.
Bom, posso enumerar outra série de problemas que Operação Valquíria possui, mas estaria perdendo mais do que as duas horas que fiquei no cinema.