No dia 14 de janeiro, foram anunciados no Samuel Goldwyn Theater, em Beverlly Hills (EUA), os indicados ao Oscar 2016. Houve, como sempre, algumas surpresas e decepções, como a não inclusão de obras como “Carol” e “Star Wars: O Despertar da Força” entre os que vão competir na principal categoria, ou deixar de fora atores como Benicio Del Toro (por “Sicario”) ou mesmo Johnny Depp (“Aliança do Crime) e até o ótimo roteiro de “Steve Jobs”, de Aaron Sorkin, que ganhou o Globo de Ouro. Após olhar a lista completa, o Ambrosia avaliou quem está mais perto ou mais longe de levar a estatueta careca para casa. Confira as possibilidades nas principais categorias:
Melhor Filme
Grandes chances: “O Regresso” ou “Spotlight: Segredos Revelados”
O mais novo filme de Alejandro Gonzalez Iñarritu (“Birdman”) tem impressionado muita gente e, principalmente, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Tanto que a produção foi a recordista de indicações este ano (12) e, após vencer o Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama, ganhou um fôlego e tanto para o prêmio principal. Já o filme que mostra como um grupo de jornalistas conseguiu denunciar um esquema da Igreja que protegia padres pedófilos foi muito elogiado pela crítica especializada e já ganhou diversos prêmios. No entanto, ao sair de mãos abanando do Globo de Ouro, houve quem achasse que suas chances de abocanhar o Oscar diminuíram consideravelmente. Só que “Spotlight” venceu outras premiações como o Screen Actors Guild Awards e mostrou que não estava fora do páreo. Assim, a produção pode, sim, tirar o principal prêmio das mãos de “O Regresso”.
Poucas chances: “A Grande Aposta” ou “Mad Max: Estrada da Fúria”
“A Grande Aposta” é uma produção divertida e muito inteligente, que ganhou vários prêmios importantes, entre eles o PGA, cujos vencedores também acabam levando, na maioria das vezes, o Oscar. Mas pode afugentar os votantes da Academia por usar uma linguagem técnica que só os economistas são capazes de entender. Além disso, tem o mesmo problema “Spotlight” por não ter levado nada no Globo de Ouro. Mas há quem acredite que a aventura de George Miller pode se consagrar com o Oscar mais importante de todos.
Nenhuma chance: “Perdido em Marte”, “Ponte dos Espiões”, “Brooklyn”, “O Quarto de Jack”
O novo filme de Ridley Scott levou o Globo de Melhor Comédia ou Musical (?), embora fosse uma ficção científica e tem a simpatia de muita gente, pode surpreender e tirar o doce da boca dos favoritos, mas as chances são realmente remotas.“Ponte dos Espiões” é o melhor filme de Steven Spielberg em anos, mas não deve fazer frente aos outros mais badalados. Já “Brooklyn” e “O Quarto de Jack” estão lá para fazer número e podem se considerar vitoriosos só por terem sido indicados.
Melhor Diretor
Grandes chances: Alejandro Gonzalez Iñarritu (“O Regresso”) ou George Miller (“Mad Max: Estrada da Fúria”)
O diretor mexicano já levou o Oscar no ano passado por “Birdman”, quando todo mundo achava que o vencedor seria Richard Linklater, com o seu “Boyhood”. Mas dessa vez, com “O Regresso”, Iñarritu realizou um trabalho ainda mais complexo e impactante, que foi reconhecido pelo Globo de Ouro, o Bafta e outras premiações, que lhe colocam como o favorito na categoria. Mas a Academia pode reconhecer o veterano George Miller, que realizou o filme de ação mais espetacular de 2016, e pode não ter outra chance de ser premiado pela idade avançada (71 anos).
Poucas chances: Adam McKay (“A Grande Aposta”) ou Lenny Abrahamson (“O quarto de Jack”)
McKay é, com certeza, a maior surpresa deste ano entre os diretores, já que pouca gente achava que, após filmes como “O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy” (e sua continuação, “Tudo por um furo”) ou “Ricky Bobby: A toda velocidade”, ele seria capaz de fazer algo mais interessante. Pois “A Grande Aposta” está aí para provar que ele é um realizador de mão cheia. Mas talvez não seja a hora dele sair com o Oscar nas mãos. A mesma coisa pode ser dita sobre Lenny Abrahamson, que realizou um belíssimo trabalho em “O quarto de Jack”, porém não é visto como um grande favorito.
Nenhuma chance: Tom McCarthy (“Spotlight: Segredos Revelados”)
Embora tenha realizado um dos favoritos a ganhar o Oscar de Melhor Filme, McCarthy não conseguiu empolgar a crítica especializada com o seu trabalho, considerado “apenas correto” por muitos. Tanto que tem mais chances de levar a estatueta como roteirista do que como diretor, já que foi vencedor nesta categoria em várias premiações. Pode ser que vingue como cineasta no futuro.
Melhor Ator
Grandes Chances: Leonardo DiCaprio, por “O Regresso”
Depois de vários anos “batendo na trave”, parece que o astro de “Titanic”, “Os Infiltrados”, “Diamante de Sangue”, “O Aviador”, entre outros, finalmente será consagrado no último domingo de fevereiro de 2016. Com uma interpretação impressionante, DiCaprio desponta como franco favorito, ainda mais depois de ser vencedor em, praticamente, todas as premiações deste ano. Além disso, há uma grande torcida, dentro e fora de Hollywood, para que ele não perca desta vez. Não que ele precise disso para mostrar o grande ator que é.
Poucas Chances: Michael Fassbender (“Steve Jobs”) ou Bryan Cranston (“Trumbo”)
Antes da estreia de “O Regresso”, Fassbender despontava como o favorito na categoria por sua performance incrível como o criador da Apple. Só que, aos poucos, ele foi perdendo terreno para DiCaprio, embora ainda se mantenha no páreo. Já Cranston começou a ganhar notoriedade lentamente com sua interpretação do roteirista perseguido por sua ligação com o comunismo, o que acabou com sua indicação. Pode ser que não ganhe, mas se continuar construindo bem sua carreira como está no momento, será lembrado mais vezes pela Academia, assim como foi com o seu Walter White em “Breaking Bad” em prêmios para a TV.
Nenhuma chance: Eddie Redmayne (“A Garota Dinamarquesa”) ou Matt Damon (“Perdido em Marte”)
Vencedor em 2015, quando interpretou Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo”, Redmayne voltou com mais um personagem real e ainda mais controverso. Mas, dessa vez, ele não conseguiu a mesma unanimidade que obteve em seu trabalho anterior e houve até quem considerasse sua atuação caricata como Lili Erbe, o primeiro transexual da história. Além disso, há quem ache que ele não merece ganhar dois Oscars consecutivos, como aconteceu com Tom Hanks e Spencer Tracy. Já Damon, embora tenha ganho o Globo de Ouro de Melhor Ator de Musical ou Comédia, é visto como um verdadeiro azarão, com sua performance divertida do astronauta que tem que se virar para sobreviver no Planeta Vermelho.
Melhor Atriz
Grandes Chances: Brie Larson, por “O Quarto de Jack”
Sem grandes papéis em sua carreira, Larson impressionou a todos com sua atuação num dos personagens mais difíceis deste ano: a da jovem que precisa encontrar forças para criar o filho num minúsculo quarto enquanto pensa numa forma de fugir de seu cativeiro. A atriz mostrou muita personalidade e venceu, assim como DiCaprio, a maioria dos principais prêmios de 2016 e só falta apenas o Oscar, que dificilmente irá para outras mãos.
Poucas Chances: Cate Blanchett (“Carol”) ou Charlotte Rampling (“45 anos”)
Se Brie Larson não tivesse esse favoritismo todo, certamente Cate Blanchett ganharia o seu terceiro Oscar (o primeiro, de Melhor Atriz Coadjuvante, por “O Aviador”, em 2005, e o segundo, de Atriz Principal, por “Blue Jasmine”, em 2014). O que ela faz em “Carol” é não menos que sensacional. Mas parece que, desta vez, ela só deve bater palmas para a colega. Já a veterana Charlotte Rampling, embora seja, à primeira vista, a azarona, impressionou muita gente no drama “45 anos” e merece o reconhecimento, embora suas chances tenham diminuído após uma declaração polêmica sobre a ausência de atores negros entre os indicados.
Nenhuma chance: Jennifer Lawrence (“Joy: O nome do sucesso”) ou Saoirse Ronan (“Brooklyn”)
A atual queridinha de Hollywood continua a realizar bons trabalhos. Mas a enorme popularidade dela começa a atrapalhar suas chances de prêmios, já que alguns acreditam que ela já foi badalada demais. Por isso, mesmo sendo a melhor coisa do filme de David O’ Russell, sua indicação soou como algo protocolar, só para fazer número. A jovem Saoirse Ronan, embora esteja bem, como de costume, não parece ter forças para encarar Brie Larson ou mesmo Cate Blanchett.
Melhor Ator Coadjuvante
Grandes Chances: Sylvester Stallone, por “Creed: Nascido Para Lutar”
Quem diria que o astro sessentão surgiria como o grande favorito interpretando seu mais famoso personagem (ao lado de Rambo)? Parece que o tempo (e uma boa direção) fizeram bem ao eterno Garanhão Italiano, que atua com carisma e sensibilidade, algo que surpreendeu muita gente, e foi responsável, em parte, pelos prêmios que já ganhou (incluindo o Globo de Ouro). Se Stallone levar o Oscar, certamente será um dos momentos mais legais e emocionantes da noite.
Poucas chances: Mark Ruffalo (“Spotlight: Segredos Revelados”), Tom Hardy (“O Regresso) ou Christian Bale (“A Grande Aposta”)
Essa é uma das categorias mais equilibradas do Oscar deste ano. Por isso, mesmo com o favoritismo de Stallone, não seria nenhuma surpresa se Ruffalo, Hardy ou mesmo Bale (que já ganhou como Coadjuvante em 2011 por “O Lutador”) levassem a estatueta porque estão excelentes e já ganharam prêmios nesta temporada. Ou seja, não devem ser desprezados na reta final.
Nenhuma chance: Mark Rylance, por “Ponte dos Espiões”
Embora seja o grande destaque do elenco do filme de Steven Spielberg, é pouco provável que os votantes da Academia se lembrem do ator que interpretou (muito bem, diga-se de passagem) o suspeito de espionagem que é defendido por Tom Hanks no auge da Guerra Fria. Mas é bom ficar de olho em Rylance, que deve ganhar mais e melhores papéis no futuro.
Melhor Atriz Coadjuvante
Grandes Chances: Kate Winslet (“Steve Jobs”) ou Alicia Vikander (“A Garota Dinamarquesa”)
Que Kate Winslet é uma ótima atriz, ninguém duvida. Mas o que ela faz em “Steve Jobs” é algo realmente digno de nota, já que, além de mandar bem nas cenas em que confronta o protagonista, também consegue passar bem a questão do tempo de sua personagem, modificando o visual, a voz e a postura de maneira exemplar. Já Vikander, uma verdadeira “workaholic” realizou a proeza de “roubar” o filme de Eddie Redmayne e se tornar a coisa mais interessante do filme de Tom Hooper, fazendo o público se comover com o drama de sua Gerda Wegener. Se ganhar o Oscar, será uma grata recompensa por toda a sua dedicação ao trabalho.
Poucas Chances: Jennifer Jason Leigh (“Os oito odiados”) ou Rooney Mara (“Carol”)
No início da temporada de premiações, parecia que a sumida Jennifer Jason Leigh ia levar quase tudo nesta categoria. Mas o tempo foi passando e a sua “vantagem” foi diminuindo mais e mais. Pode até ser que leve o Oscar e não seria nenhuma injustiça. Só que isso está cada vez mais difícil. Rooney Mara tem o mesmo problema, já que, apesar de sua ótima atuação, que foi até premiada em Cannes, teve a sua preferência cada vez mais posta de lado. Porém, as duas ainda estão na disputa e podem até levar a estatueta.
Nenhuma chance: Rachel McAdams, por “Spotlight: Segredos Revelados”
A cada novo trabalho, Rachel McAdams mostra que a maturidade está fazendo bem à sua carreira, se afastando cada vez mais de papéis pouco expressivos, como os que fazia quando era mais jovem. Um bom exemplo disso é sua personagem em “Spotlight: Segredos Revelados”, em que vive uma jornalista em busca da verdade. Embora esteja bem, não deve incomodar as favoritas deste ano. Mas está no caminho certo e novas indicações devem aparecer nos próximos anos.
Melhor Animação
Grandes Chances: “Divertida Mente”
A produção da Disney/Pixar foi, além de um sucesso de bilheteria, um surpreendente filme que encantou crianças e adultos, com sua história muito bem contada sobre os sentimentos que agem na cabeça de uma garota quando ela passa a ter conflitos após se mudar de cidade. Com personagens divertidos e carismáticos, aliado a uma excelente animação em computação gráfica, “Divertida Mente” ganhou vários prêmios importantes e deve levar o Oscar também.
Poucas Chances: “Anomalisa” ou “O Menino e o Mundo”
Com uma técnica impecável de stop-motion, o filme dirigido por Charlie Kaufman e Duke Johnson chamou a atenção com sua trama mais recomendada aos mais velhos. Mas não deve fazer frente à animação da Disney/Pixar. Quanto ao brasileiro “O Menino e o Mundo”, já é uma grande vitória ele estar entre os cinco finalistas, mas não deve ir muito além disso.
Nenhuma chance: “As memórias de Marnie” ou “Shaun, o carneiro”
Sempre é bom ver animações do lendário Estúdio Ghibli entre os indicados ao Oscar. Ainda mais aquela que foi anunciada como a última a ser lançada por um tempo pela equipe de animadores japoneses, que vão dar um tempo. Só a sua lembrança já vale como prêmio, assim como o mais recente trabalho do Ardman, que traz de volta um dos personagens mais conhecidos do estúdio. Mas os dois filmes estão ali para fazer número mesmo.
Melhor Documentário
Grandes Chances: “Amy”
A curta vida da cantora Amy Winehouse resultou num elogiado documentário, que fez muita gente chorar. Dirigido por Asif Kapadia, o mesmo de “Senna”, “Amy” já ganhou diversos prêmios na categoria e está com tudo para levar o Oscar também.
Poucas Chances: “What Happened, Miss Simone?” ou “Cartel Land”
Curiosamente, um documentário sobre outra diva musical pode também ser vencedor no fim de fevereiro. “What Happened, Miss Simone?” traça um perfil da cantora Nina Simone, através de gravações inéditas, entrevistas, diários e entrevistas com pessoas que a conheceram. Já “Cartel Land” mostra o tráfico de drogas nas fronteiras entre os EUA e o México. Ambas as produções chamaram a atenção, mas talvez não o bastante.
Nenhuma Chance: “O Peso do Silêncio” ou “Winter on fire: Ukraine’s Fight for Freedom”
O primeiro filme fala sobre um rapaz que decide enfrentar os responsáveis pela morte de seu irmão na Indonésia e o segundo mostra uma onda de protestos na Ucrânia. Embora interessantes, as obras não causaram o impacto desejado para vencer na categoria.
Melhor Filme Estrangeiro
Grandes Chances: “O Filho de Saul” (Hungria)
Neste ano, não tem barbada melhor do que nesta categoria. Como um rolo compressor, “O Filho de Saul” passou por cima de toda a concorrência e ganhou tudo em Filme Estrangeiro. Ainda mais com um tema que a Academia adora: O Holocausto.
Poucas chances: “Cinco Graças” (França) ou “O Abraço da Serpente” (Colômbia)
O filme francês lida com jovens turcas que lutam para se livrar dos limites impostos pela sociedade e o colombiano fala sobre a relação entre um xamã de uma tribo indígena que foi destruída e um estrangeiro na Floresta Amazônica. Apesar de interessantes, devem ficar pelo caminho.
Nenhuma chance: “O Lobo do Deserto” (Jordânia) ou “Guerra” (Dinamarca)
A produção jordaniana chamou a atenção pela sua produção grandiloquente o suficiente para chamar a atenção de Hollywood. Já o filme dinamarquês trata de questões como o conflito no Afeganistão contra os talibãs chega à reta final com pouca força.
Melhores Efeitos Visuais
Grandes Chances: “Star Wars: O Despertar da Força” ou “Mad Max: Estrada da Fúria”
Os dois melhores blockbusters de 2015 chegam em condições quase iguais neste quesito. A equipe comandada por JJ Abrams conseguiu trazer de volta o universo de George Lucas com bastante competência. Já o filme de George Miller impressiona com as alucinantes cenas de perseguição durante toda a trama. Fica difícil dizer quem vai realmente vencer.
Poucas Chances: “O Regresso” ou “Perdido em Marte”
No filme de Iñarritu, o grande momento é quando os efeitos tornam incrivelmente verdadeira a cena em que Leonardo DiCaprio enfrenta um urso. Na produção de Ridley Scott, o maior mérito foi tornar crível as cenas passadas no espaço sideral e no planeta Marte. Embora competentes, não devem ser premiadas este ano.
Nenhuma chance: “Ex-Maquina: Instinto Artificial”
O mais “pobre” dos indicados nesta categoria não se sai mal nos efeitos, especialmente naqueles que transformam Alicia Vikander num robô, mas certamente não é o favorito para ganhar.
É isso. Agora é acompanhar a cerimônia no dia 28 de fevereiro. Gostaram das previsões? Tem alguma categoria faltando? Comente, critique e curta o Oscar. Até a próxima.