Se com o tempo só nos resta rir de nós mesmos, então filmes que se arriscam em franquias ilimitadas devem manter o humor em dia com suas pretensões. Pânico 4 existe para isso: angariar dólares saudosistas sob a “estética” de não se levar a sério. E é por isso que a franquia, que fez muito sucesso em três filmes na década de 90, serve de referencial para a divertida metalinguagem que torna a quarta parte uma grande palhaçada. No bom sentido.
A história é quase a mesma, só que se passaram 10 anos do filme anterior e a protagonista, Sidney (Neve Campbell, que pelo jeito resumirá sua carreira nisso), retorna a pequena Woodsboro para lançar um livro sobre o drama de sua vida e a forma que saiu dele. É claro que, partindo daí, começam uma série de assassinatos proferidos por um mascarado de face estrategicamente deformada. A presença de Sidney no lugar estimula a matança e o filme, seguindo a receita dos anteriores, procura resolver o mistério da identidade do tal serial killer.
O roteiro de Kevin Willinson, que esteve envolvido nos primeiros filmes, e agora retorna a franquia, é oportuno frente a figura quase mítica (!) que a franquia se tornou. E sabendo explorar essas possibilidades (nem que seja para fazer uma espécie de reboot) o roteiro é humorístico sendo medonho e tenso sendo satírico, ou seja, consegue ser eficiente assustando e divertindo (vale dizer que o pior dos roteiros passados também foram mantidos, como por exemplo, a inserção de personagens banais só para serem esquartejados). O que agrada exatamente ao público alvo que consome esse tipo de atração desde 1996, quando o diretor Wes Craven trouxe a “marca” para o mundo.
O elenco de caras novas (muitos tirados de seriados da TV) parece entrar no clima da bizarrice e Courteney Cox e David Arquette, retornando seus papéis, ainda são bons vértices de humor adulto no meio daquela puberdade toda. E o final, onde a esperada grande revelação do assassino é espetacularizada (quem não lembra das revelações um tanto alegóricas dos outros filmes???) até que é bem realizada e garanto que o fator “surpresa” é levado em conta de forma consciente.
Se estiver disposto a assistir a um filme de humor com boas doses de sangue e nonsense, Pânico 4 está aí para deleite dessas formas de sadismos. Ou saudosismos.
[xrr rating=3.5/5]
A Courtney Cox também parece que vai resumir sua carreira cinematográfica a Pânico.