Peter Pan e a expertise do cinema de Joe Wright

Joe Wright é um dos cineastas mais estetas do cinema atual. Seus filmes são deslumbrantes (lembra de sua obra prima maior Desejo e Reparação?) e, por vezes, sua plasticidade é algo maior que todo o resto; como é o caso desse prelúdio da história de Peter Pan.

A história, que tem a intenção de contar o que ocorreu antes dos fatos já conhecidos por nós, começa com Peter, ainda bebê, sendo deixado por sua mãe, Mary (Amanda Seyfried), em frente a um orfanato religioso.

Doze anos mais tarde, vemos o garotinho, vivido pelo carismático Levi Miller, convivendo com seus amigos no precário orfanato em Londres, durante a Segunda Guerra Mundial. A cuidadora corrupta vende as crianças para o pirata Barba Negra (Hugh Jackman), que os leva para a Terra do Nunca, onde são obrigados a trabalhar em minas de pó de fada. É nesse contexto exploratório que Peter acabará descobrindo sua origem.

Ao reimaginar o livro original de J. M. Barrie, o diretor buscou uma espécie de lirismo histérico que muito dimensionou a fábula clássica numa direção de arte (costumeiramente) cuidadosa, entretanto o abordagem do roteiro parece não ter alcançado tamanha exuberância, reduzindo a trama sobre a origem do personagem ao batido dilema do “o escolhido“.

Entra como complicador também o pouco desenvolvimento do vilão caricato vivido por Jackman. Em sua estreia na direção de um grande blockbuster, Wright segue imprimindo sua personalidade estética impecável, para além de fragilidades do texto em que trabalha. Apesar do grande fracasso de bilheteira da empreitada (nos EUA), a magia do diretor ainda é o que prevalece.

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