Havia uma sensação de ceticismo quase generalizada com a estreia de Planeta dos Macacos: A Origem. Os primeiros filmes da franquia se notabilizaram por uma irregularidade só reforçada com o último, de 2001, sob a direção de Tim Burton, que nem é tão ruim quanto muitos dizem ser, mas apenas é frustrante do ponto de vista do cineasta que o fez. Não deixa de ser surpreendente então, que a crítica americana, quase que em uníssono, tenha considerado esse novo filme como “a melhor coisa da temporada de filmes de verão norte-americano”.
Bom, a superprodução é mesmo bem bacana e, se contarmos que foi dirigida por um quase desconhecido – o inglês Rupert Wyatt – suas qualidades aumentam. O filme é uma espécie de prelúdio dos anteriores, onde um cientista (James Franco), que trabalha num laboratório que está pesquisando a cura do Alzenheimer. Os experimentos são feitos em macacos e, numa manobra do roteiro, um filhote deles passa a ser criado pelo cientista, em sua casa. O experimento desenvolve as células e, assim como traz resultados animadores e passageiros para a doença, aguça a racionalidade dos símios. O tal macaco, chamado Cesar, desenvolve-se de maneira afetiva na família e tem a inteligência cada vez mais estabelecida. Claro que, em determinado momento, essa inteligência é confrontada com sua legitimidade símia e o filme ganha contornos de tensão e caos.
Contando com um roteiro (de Rick Jaffa e Amanda Silver) coeso e que equilibra bem os elementos dramatúrgicos de sua trama – como a tocante relação do cientista com seu pai e a transformação instintiva de Cesar – Planeta dos Macacos: A Origem é um daqueles filmes do chamado “cinemão” que respeita a inteligência do espectador e possui uma direção que tanto compreende os esteios dramáticos quanto estabelece as voltagens da espetacularização das cenas de ação (muito bem feitas, por sinal). Digamos que Wyatt faz o seu trabalho dignamente, com poucos pontos negativos (como a repetição exaustiva dos planos em que Cesar faz o olhar “eu sou mais do que um macaco” ou uma aparente burocracia na vilanização de certos personagens) e demonstrando domínio do desafiante projeto que tinha em mãos. O trabalho do ator Andy Serkis é mais uma vez sensacional, dando humanidade impressionante ao protagonista (que olhar!). E os efeitos são impressionantes.
Talvez haja um pouco de exagero na classificação irrepreensível de seu valor artístico no cenário blockbuster atual. É um filme bom, mas não espetacular. Em 2011, X-Men – Primeira Classe detém esse título, com méritos. Mas que esse filme trouxe oxigênio criativa para toda a série, isso é incontestável.
[xrr rating=4/5]
Título Original: Rise of the Planet of the Apes
Ano: 2011
Direção: Rupert Wyatt
Duração: 106 min
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