Por que “Os Caça-Fantasmas 3” não chegou aos cinemas?

Lançado em 1984, “Os Caça-Fantasmas” foi uma das mais bem sucedidas comédias de terror de todos os tempos e conquistou fãs no mundo inteiro, tornando o pouco conhecido Bill Murray num astro pelo papel do cínico e divertido Peter Venkman, que perseguia entidades fantasmagóricas em Nova York ao lado de seus amigos cientistas (assim como ele) Ray Stantz (Dan Aykroyd) e Egon Spengler (Harold Ramis) e, mais tarde, Winston Zedmore (Ernie Hudson). O grupo contava com equipamentos interessantes, como a mochila de raios protônicos e armadilhas especiais para capturar espectros. Além disso, o filme tornou populares o ator Rick Moranis, que interpretava o engraçado contador Lewis Tully, que era possuído por um espírito maléfico, assim como sua vizinha Dana Barrtett (Sigourney Weaver), interesse amoroso de Venkman. E, claro, não se pode esquecer da música-tema interpretada por Ray Parker Jr.

Com o sucesso, que gerou a criação de uma série de animação para a TV e videogames, todo o elenco principal, assim como o diretor Ivan Reitman, voltaram para uma sequência quatro anos depois. Embora tenha sido um dos grandes sucessos de 1989, ao lado de “Batman”, “Indiana Jones e a Última Cruzada” e “De Volta Para o Futuro Parte II”, “Os Caça-Fantasmas 2” (também escrito por Akroyd e Ramis, roteiristas do filme original) não rendeu algo tão memorável quanto a primeira parte e acabou não conquistando tantos admiradores, servindo apenas como um mero passatempo facilmente esquecível assim que ele acaba.

Caca_Fantasmas_foto2
“Os Caça-Fantasmas 2” (1989) foi um grande sucesso, mas não superou o original (Foto: Divulgação)

Mesmo assim, os envolvidos com os dois filmes já começaram a pensar numa terceira parte ainda em 1989. Durante quase vinte anos vários scripts foram cogitados e muitos rumores circularam. Reitman, Aykroyd e Ramis chegaram a se unir aos roteiristas Lee Eisenberg e Gene Stupnitsky para fazer um novo roteiro, que começava com uma reviravolta inesperada: Peter Venkman, o personagem de Murray, morria após os primeiros cinco minutos de filme! “Foi o único jeito que ele aceitou para fazer o filme. E ele seria um fantasma durante parte da trama”, disse Reitman durante uma entrevista para o site “io9”. O diretor também revelou que a história seria uma clássica “passagem de bastão” para novos Caça-Fantasmas. Um deles seria Oscar, o filho de Dana no segundo filme e que, talvez, seu pai fosse Peter. “Não fica claro se ele era seu filho ou não. E isso era muito engraçado”, afirmou Reitman.

A Sony Pictures, estúdio dos dois primeiros filmes, deu o sinal verde para o início da produção e tudo parecia estar bem encaminhado, quando algo triste, com o qual ninguém contava, aconteceu: Harold Ramis ficou bastante doente e morreu, aos 69 anos, em 2014, vítima de um tipo raro de vasculite autoimune, que provoca o inchaço de vasos sanguíneos. A morte de Ramis abalou bastante Reitman, que decidiu abortar “Os Caça-Fantasmas 3”. “Eu não estava interessado em fazer um novo ‘Caça-Fantasmas’ sem Harold e com Bill atrapalhando as coisas”, afirmou o diretor. Assim, ele decidiu fazer um acordo com a Sony para que o estúdio continuasse a fazer algo com a franquia. Foi assim que o cineasta resolveu chamar Paul Feig para tocar o projeto.

Realizador de comédias de grande sucesso, como “Missão Madrinha de Casamento” e “A Espiã Que Sabia de Menos”, Feig resolveu, então, realizar um reboot que, ao mesmo tempo, reverenciava o filme original. Além disso, ele contava com suas musas Melissa McCarthy e Kristen Wiig, consideradas “duas das mulheres mais engraçadas do mundo” (segundo o diretor), que se mostraram interessadas em participar do projeto. A ideia agradou Reitman, que passou a ser um dos produtores do novo filme.

Feig analisou os dois roteiros que existiam até então (um feito por Lee Eisenberg e Gene Stupnitsky e outro, de Ethan Coen, de “Trovão Tropical” e “Homens de Preto 3”), que ele até gostou. Mas encontrou um problema neles. “Eu amo “Os Caça-Fantasmas 2”, mas sempre esbarrei numa questão logo em seu início. Eles caíram em desgraça? Após salvar Nova York? Parecia que você tinha que sair de um grande atoleiro para fazer isso funcionar. Não conseguia achar uma solução para isso. E também não que queira que (os novos) personagens lidassem com a chave de um reino que já tinha visto esses ataques de fantasmas”, disse Feig ao “io9”.

Assim, o diretor decidiu contar sua versão de “Caça-Fantasmas” protagonizado por personagens que eram subestimadas pelas pessoas ao seu redor (no caso, as cientistas interpretadas por McCarthy e Wiig), mas que provam que estão certas em suas teorias e fazem de tudo para salvar o mundo, de uma maneira bastante épica. Para Feig, isso é bem mais saboroso do que realizar o que tinham em mente em relação a “Os Caça-Fantasmas 3”. “Eu não consegui imaginar o que fazer com aquele filme. Talvez outra pessoa conseguisse. Quando as pessoas dizem que ficaram irritadas com isso, eu só digo ‘Eles vieram a mim’. É só o que posso dizer. Sinto muito”, concluiu Feig.

Mas há a possibilidade de “Os Caça-Fantasmas 3” ainda existir, mesmo que de uma forma diferente. Questionado pelo “io9” sobre as chances de lançar o script original em forma de livro, Reitman afirmou: “É uma ideia interessante. Nós não falamos sobre isso ainda. Há uma questão muito séria a respeito dos direitos autorais. Acho que a Columbia (Pictures) os possui, então isso seria com eles”.

O novo “Caça-Fantasmas” estreia no Brasil no dia 14 de julho.

Sair da versão mobile