Com “Tubarão” de 1975, Steven Spielberg cunhou os mandamentos do terror zoológico que viralizou ali pela década de 70 e ganhou força nas reprises das madrugadas televisivas nos anos 80. Quem não se lembra da “Gangue dos Dobermans”, “A Invasão das Aranhas Gigantes” e coisas do gênero? “Predadores Assassinos” nos faz lembrar de “Alligator”, pérola trash que o SBT adorava reprisar em sua grade. Hoje, em tempos de “Sharknado”, essa vertente de terror sem vergonha tem saído da toca e rendido produções até interessantes dentro de sua proposta, como é o caso aqui.
Haley (Kaya Scodelario), uma nadadora, entra na boca de um furacão destrutivo da categoria 5, furiosamente destrutivo, em rota de colisão com sua cidade natal, na Flórida, para checar seu pai, Dave (Barry Pepper). Lá, ela se depara com sua casa atingida pelo temporal, em meio a uma inundação que propiciou uma proliferação de jacarés ferozes. Haley e seu pai se vêem presos no porão alagado, onde um par impiedoso de predadores de seis metros os persegue silenciosamente. Resta aos dois lutarem pela sobrevivência no ambiente claustrofóbico contra as poderosas mandíbulas dos adversários escamosos.
Não há como escapar dos clichês em um mote como esse. “Águas Rasas” é um raro exemplar que conseguiu ser bem sucedido em se livrar (em boa parte do tempo) dos recursos óbvios. Mas o diretor francês Alexandre Aja, junto com os roteiristas Michael Rasmussen e Shawn Rasmussen, preferiu não arriscar e apostou na fórmula segura. Sustos premeditados e jump scares pululam na tela, há um drama familiar como pano de fundo para dar uma consistência aos personagens (que não chega a ser totalmente atingida), mas a despeito disso, o longa apresenta um ponto forte que está na construção da tensão. Os répteis criados por CGI são críveis, mas se movem de uma forma que parecem saídos de “Jurassic Park”, isso acaba esvaziando parte do realismo, diminuindo a intimidação.
O elenco é basicamente a dupla Kaya e Pepper, que consegue carregar satisfatoriamente a trama, gerando a empatia necessária para a composição do suspense (sem se importar com os personagens não funciona). E a cadelinha Sugar está ali para roubar a cena. Certas conveniências de roteiro e algumas inverossimilhanças podem incomodar alguns. Mas, a bem da verdade, não é um filme para ser levado a sério. Basta reler a sinopse.
“Predadores Assassinos” surpreende em não ser apenas uma produção para preencher o calendário do estúdio e tem tudo para agradar aos fãs do gênero (se não é seu caso, fuja). Não chega a ser ambicioso como “Águas Rasas” ou cara de pau como as produções do SYFY, mas situa-se em um meio do caminho buscando atingir um público abrangente, sem esquecer os fiéis.
Cotação: Bom (3 de 5)